Texto produzido no IFBA Campus Porto Seguro acaba de ser selecionado para participar da etapa estadual da 3ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. A aluna Bianca Lara G. e Souza do 2º ano do curto Técnico em Biocombustíveis desenvolveu um artigo opinativo com o tema Barracas de Praia em Porto Seguro: quem as mantém de pé?.
Para o professor de Português do Instituto, Davi de Oliveira Santana, "o fato de uma aluna do IFBA campus de Porto Seguro ter sido selecionada para representar a cidade na etapa estadual de um evento tão importante demonstra o interesse dessa instituição em formar cidadãos responsáveis com habilidades diversificadas. Tal postura, sem sombra de dúvida, contribui para a melhoria da educação de Porto Seguro", completa.
A Olimpíada de Português 2012 é fruto da parceria do Ministério da Educação (MEC) com a Fundação Itaú Social e conta com a participação de escolas públicas de todo o Brasil, e busca estimular os estudantes a terem mais gosto pela escrita. Além disso, por adotar o tema "O lugar onde vivo", a Olimpíada motiva professores e alunos a, no contexto escolar, refletir criticamente sobre questões de relevância social para a comunidade na qual estão inseridos.
Veja, a seguir, o texto selecionado na íntegra:
No início de 2012, a Justiça Federal determinou a demolição da Barraca do Gaúcho em Porto Seguro, Bahia. A decisão para o início da demolição de barracas tem sido esperada há muito tempo, visto que outras cidades litorâneas já tiveram suas orlas limpas. Apesar disso, a decisão da Justiça gerou discursos inflamados de vereadores e deputados federais que se uniram para que a decisão fosse revogada.
Antes de tudo, é preciso entender o porquê da derrubada das barracas em geral. Uma ação civil pública proposta pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e Ministério Público Federal afirma que as estruturas foram construídas em área de conservação permanente, sem análise prévia dos impactos ambientais e sem a licença do IBAMA. Além disso, algumas barracas não estão em condições higiênicas adequadas e várias construções na costa das cidades litorâneas afetam o ecossistema marinho.
Essa ação vem sendo realizada com sucesso apesar de resistências em cidades como Salvador, na qual foram demolidas em torno de 352 barracas ao longo da orla soteropolitana, segundo o jornal Estadão. Porém, em Porto Seguro, a Barraca do Gaúcho continua de pé em pleno mês de agosto.
As praias de Porto Seguro são conhecidas pelos turistas principalmente através de três grandes estruturas de lazer: Axé Moi, Complexo de Lazer Tôa Tôa e Barramares. Os donos das mesmas não apenas as possuem - são donos de outras barracas, outros negócios e alguns deles são vereadores. Com isso, o turismo e a economia das praias estão concentrados nas mãos dessas pessoas. Shows, excursões, atividades de lazer... Todas elas têm por trás uma das três grandes estruturas de praia.
Logo, se a Justiça Federal determina que uma barraca de praia, relativamente menor, mas já muito significativa seja demolida, essas estruturas se sentem ameaçadas. A resposta a essa decisão é óbvia: inflamada e contrária, que pede apoio popular e alega que a estrutura de praia é o que atrai e aquece o turismo local.
Mas por que essa resposta não veio quando a antiga Boca Aberta ou a Loló Brasil foram demolidas? Elas foram derrubadas por ordens municipais, sem resistência ou apelo popular. A Barraca do Gaúcho, que é ao lado de onde era a Loló Brasil, continua inteira após ordem da justiça federal. Ora, nenhuma das barracas demolidas tinha peso político, não geravam tanto dinheiro e, principalmente, não tinham vínculos com as grandes estruturas portossegurenses.
Claro que a população sofrerá se todas as barracas de praia forem demolidas, muito mais do que Salvador, pois o cerne da economia de Porto Seguro está no turismo. A grande maioria dos empregos está relacionada à procura da nossa cidade pelos turistas. Mas devemos também refletir sobre a importância da conservação das nossas praias, pois a nossa cidade é esmagada pela economia desenfreada, que suga a natureza de maneira cruel. Parece ser discurso xarope sobre sustentabilidade, mas é a realidade: construções como pousadas, comércio e principalmente barracas de praia podem levar a grandes erosões, segundo professores de duas das maiores universidades da Bahia, UFBA e UCSal.
Se fizermos uma comparação das praias de Porto Seguro com as do distrito de Porto Seguro Arraial D'Ajuda, veremos uma discrepância absurda. Arraial, mesmo com movimento intenso de turistas e muitas vezes com mais lucro, se encontra bem mais conservada. A natureza conservada, o ar puro e o clima rústico atraem turistas de todo o mundo para Arraial D'Ajuda, que possui poucas barracas.
Além disso, o turismo pode ser remanejado em nossa cidade. As tão conhecidas festas podem acontecer em lugares que não sejam a praia, como ocorre na própria Arena Axé Moi, pertencente a um dos "três grandes". Carnavais, micaretas e shows arrastam milhares de pessoas para a Arena, geram muitos empregos e aumentam a fama de Porto Seguro.
O grande problema é que as contas desses donos nunca estão satisfeitas. Se não promovermos um debate consciente e adotarmos uma posição diante dessa situação que influencia a todos, nossa cidade continuará sendo explorada até a última gota. Sou a favor do bem-estar socioeconômico da população, da minha cidade e da saúde ambiental.
Para o professor de Português do Instituto, Davi de Oliveira Santana, "o fato de uma aluna do IFBA campus de Porto Seguro ter sido selecionada para representar a cidade na etapa estadual de um evento tão importante demonstra o interesse dessa instituição em formar cidadãos responsáveis com habilidades diversificadas. Tal postura, sem sombra de dúvida, contribui para a melhoria da educação de Porto Seguro", completa.
A Olimpíada de Português 2012 é fruto da parceria do Ministério da Educação (MEC) com a Fundação Itaú Social e conta com a participação de escolas públicas de todo o Brasil, e busca estimular os estudantes a terem mais gosto pela escrita. Além disso, por adotar o tema "O lugar onde vivo", a Olimpíada motiva professores e alunos a, no contexto escolar, refletir criticamente sobre questões de relevância social para a comunidade na qual estão inseridos.
Veja, a seguir, o texto selecionado na íntegra:
Barracas de Praia em Porto Seguro: quem as mantém de pé?
No início de 2012, a Justiça Federal determinou a demolição da Barraca do Gaúcho em Porto Seguro, Bahia. A decisão para o início da demolição de barracas tem sido esperada há muito tempo, visto que outras cidades litorâneas já tiveram suas orlas limpas. Apesar disso, a decisão da Justiça gerou discursos inflamados de vereadores e deputados federais que se uniram para que a decisão fosse revogada.
Antes de tudo, é preciso entender o porquê da derrubada das barracas em geral. Uma ação civil pública proposta pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e Ministério Público Federal afirma que as estruturas foram construídas em área de conservação permanente, sem análise prévia dos impactos ambientais e sem a licença do IBAMA. Além disso, algumas barracas não estão em condições higiênicas adequadas e várias construções na costa das cidades litorâneas afetam o ecossistema marinho.
Essa ação vem sendo realizada com sucesso apesar de resistências em cidades como Salvador, na qual foram demolidas em torno de 352 barracas ao longo da orla soteropolitana, segundo o jornal Estadão. Porém, em Porto Seguro, a Barraca do Gaúcho continua de pé em pleno mês de agosto.
As praias de Porto Seguro são conhecidas pelos turistas principalmente através de três grandes estruturas de lazer: Axé Moi, Complexo de Lazer Tôa Tôa e Barramares. Os donos das mesmas não apenas as possuem - são donos de outras barracas, outros negócios e alguns deles são vereadores. Com isso, o turismo e a economia das praias estão concentrados nas mãos dessas pessoas. Shows, excursões, atividades de lazer... Todas elas têm por trás uma das três grandes estruturas de praia.
Logo, se a Justiça Federal determina que uma barraca de praia, relativamente menor, mas já muito significativa seja demolida, essas estruturas se sentem ameaçadas. A resposta a essa decisão é óbvia: inflamada e contrária, que pede apoio popular e alega que a estrutura de praia é o que atrai e aquece o turismo local.
Mas por que essa resposta não veio quando a antiga Boca Aberta ou a Loló Brasil foram demolidas? Elas foram derrubadas por ordens municipais, sem resistência ou apelo popular. A Barraca do Gaúcho, que é ao lado de onde era a Loló Brasil, continua inteira após ordem da justiça federal. Ora, nenhuma das barracas demolidas tinha peso político, não geravam tanto dinheiro e, principalmente, não tinham vínculos com as grandes estruturas portossegurenses.
Claro que a população sofrerá se todas as barracas de praia forem demolidas, muito mais do que Salvador, pois o cerne da economia de Porto Seguro está no turismo. A grande maioria dos empregos está relacionada à procura da nossa cidade pelos turistas. Mas devemos também refletir sobre a importância da conservação das nossas praias, pois a nossa cidade é esmagada pela economia desenfreada, que suga a natureza de maneira cruel. Parece ser discurso xarope sobre sustentabilidade, mas é a realidade: construções como pousadas, comércio e principalmente barracas de praia podem levar a grandes erosões, segundo professores de duas das maiores universidades da Bahia, UFBA e UCSal.
Se fizermos uma comparação das praias de Porto Seguro com as do distrito de Porto Seguro Arraial D'Ajuda, veremos uma discrepância absurda. Arraial, mesmo com movimento intenso de turistas e muitas vezes com mais lucro, se encontra bem mais conservada. A natureza conservada, o ar puro e o clima rústico atraem turistas de todo o mundo para Arraial D'Ajuda, que possui poucas barracas.
Além disso, o turismo pode ser remanejado em nossa cidade. As tão conhecidas festas podem acontecer em lugares que não sejam a praia, como ocorre na própria Arena Axé Moi, pertencente a um dos "três grandes". Carnavais, micaretas e shows arrastam milhares de pessoas para a Arena, geram muitos empregos e aumentam a fama de Porto Seguro.
O grande problema é que as contas desses donos nunca estão satisfeitas. Se não promovermos um debate consciente e adotarmos uma posição diante dessa situação que influencia a todos, nossa cidade continuará sendo explorada até a última gota. Sou a favor do bem-estar socioeconômico da população, da minha cidade e da saúde ambiental.
Bianca Lara G. e Souza
Membro do Bethel 19 Porto Seguro,BA.
Fonte:
Toda equipe do Blog FDJBRASIL parabeniza a nossa irmã Bianca e desejamos sucesso na próxima etapa da 3ª Olimpaida da Ligua Portugesa Escrevendo o Futuro.
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