Kézia é a filha do meio. Seu nome significa “Acácia”, planta usada na urna de incenso. A fumaça obtida da queima do incenso simboliza nossas orações subindo até Deus. O perfume exalado, a promessa dos pedidos serem atendidos. Portanto, Kézia também nos recorda nossa ligação com a Divindade Superior, tão necessária em nossa maturidade.
No segundo aspecto da Deusa, o de “Mãe”, deixamos nossa juventude para trás e caminhamos rumo à vida adulta. A “Mãe” é aquela que nutre, protege e ama incondicionalmente. Ela é fértil, próspera e de uma beleza exuberante.
Porém, muitas são as atribulações a serem superadas até que nos tornemos conscientes de nossa potência e força vital. Tornamo-nos mães, chefes de família, profissionais de sucesso, assumimos nossas vidas e suas responsabilidades e, a medida que os obstáculos são vencidos, adquirimos auto confiança e modelamos nosso caráter. A fé em Deus é necessária para que nos mantermos na direção correta. Se antes, na juventude, sabíamos da existência do Criador, agora se faz necessário experimentá-la, revelá-la em nosso dia a dia.
Na prática, a Filha de Jó que assume o posto de Primeira Princesa passa a exercer em suas Irmãs a influência de Kezia. Em teoria, ela já passou pela primeira etapa e, portanto, já é conhecedora dos primeiros obstáculos a serem enfrentados por quem administra um Bethel. Ela não pode se dar ao luxo de cometer as mesmas falhas do passado e ainda, estando próxima a Honorável Rainha, uma postura mais refinada lhe é exigida. Ela deve ser o braço direito da Presidente e ser seu apoio nos momentos de crise. Apesar dos inúmeros obstáculos aparentes, essa experiência faz com que a Filha tenha a oportunidade de ver revelada, em seus atos, a maturidade adquirida. Assim, ela se torna uma pessoa mais segura de si e preparada para seguir para a próxima etapa.
Keren Happouck é a filha mais velha e seu nome significa “fartura”. O maior tesouro que alguém pode adquirir é a sabedoria, essa conquistada somente com a experiência. A Anciã é aquela que já superou as duas fases de aprendizado e atingiu o maior grau do conhecimento. A Cornucópia da Fartura, de onde se jorra quantidade infinita de tudo aquilo que se deseja, sendo também símbolo da mais velha das filhas de Jó,lembra-nos que o conhecimento não se esgota nem pode ser destruído.
Nessa fase, ainda temos o que aprender, mas existe uma consciência maior nos inclinando para a necessidade de ensinar. A Anciã é a Mulher Sábia, Senhora da Sabedoria e conhecedora do oculto e a magia. É a Rainha dos Mistérios e também a Deusa da Cura. Ela rege os finais, o desapego, o conhecimento, as transformações e a morte.
Jó, após passar pelas atribulações, orou por seus amigos que o haviam acusado. Ele demonstrou grande sabedoria. Foi recompensado e terminou seus dias de forma plena. O final do Livro de Jó menciona sua morte, pois tudo tem seu fim. Até mesmo um homem como Jó teve que lidar com a proximidade da morte.
A Anciã, em sua sabedoria, sabe que nada é imutável. Ela aproveita o tempo para fazer as últimas lapidações em si mesma e se dispõe a passar seu conhecimento adiante. A Anciã nos ensina a lidar sabiamente com a morte, vendo-a não como um fim, mas como um recomeço para nós mesmos e uma oportunidade de auxiliarmos aqueles que estão vindo atrás de nós. Não se trata meramente da morte física, mas de diversas “mortes” vivenciadas durante a vida, sendo essas aquelas mudanças de fase quando deixamos algo definitivamente para trás, como o filho que deixa a casa dos pais para constituir nova família ou o jovem que se forma na faculdade e parte em busca de sua vida profissional.
Na prática, a Filha de Jó que assume o posto de Honorável Rainha atingiu o maior posto dentro de um Bethel, passando a ser a líder absoluta de suas Irmãs. É dela que se espera a orientação, a supervisão, a solução nos momentos de crise. Através da experiência adquirida nas fases anteriores, espera-se que ela exerça sua função com serenidade e justiça, inerentes à virtude da sabedoria. A prosperidade de Jó em sua terceira e última fase de vida, ligada à sua filha Keren Happouck, facilmente nos remete ao ápice do conhecimento, figurado no aspecto de Anciã da Deusa. A melhor recompensa que um indivíduo pode receber por todos os seus esforços é o de ser lembrado como um exemplo a ser seguido.
Estamos sempre nos transformando, abrindo e fechando ciclos. As transformações muitas vezes são sutis e internas, quase imperceptíveis, mas elas estão lá e de repente, uma nova realidade é vislumbrada.
A compreensão das fases da vida, de seus aspectos e o que eles representam, nos auxilia a aceitar as mudanças tirando o melhor delas. É importante crer que, ao nos atentarmos para os altos e baixos de cada etapa, superando-as ao invés de ignorá-las, estamos trilhando o verdadeiro caminho do crescimento espiritual e cumprindo a missão que “Deus” ou quem sabe, a “Deusa”, bondosamente nos confiou.
Referência: “A Deusa Tríplice”, de Anna Leão, site www.annaleao.com.br, publicado em 05/04/2009.
Por: Semíramis Dominghetti, PHR/MM
Bethel Santa Rita # 11 de Minas Gerais
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Com amor de Jó,