UM PEQUENO PARALELO ENTRE O CONCEITO ENTRE TRINDADE FEMININA E AS TRÊS FILHAS DE JÓ - PARTE 1


Em algumas culturas antigas, antecessoras do Cristianismo, a “Divindade Superior” era reconhecida também em seu aspecto feminino. Tinha-se, portanto, a referência de “Deusa” e não somente de “Deus”, como na cultura cristã e em outras religiões paternalistas como o judaísmo e islamismo.
 
Embora a referência predominantemente feminina, o “Culto a Deusa”, como esse tipo de movimento é frequentemente referido, não excluía a figura masculina. Havia também um “Deus” o qual, junto com a “Deusa”, representavam a união e o equilíbrio das energias opostas.  
É uma cultura vinda essencialmente de povos primitivos, organizados em tribos e dependentes do cultivo à terra para sua sobrevivência. A religião acabava por se misturar com a própria filosofia de vida das pessoas, sendo muito difícil separá-las uma da outra. Era comum os mitos envolvendo os deuses serem retratos da própria experiência de vida das pessoas, servindo de fonte de inspiração para valores morais e até mesmo explicação para os fenômenos da natureza dos quais não se tinha compreensão.
  
O “Deus”, símbolo da fecundidade no sentido ativo, é quem carrega a semente da vida e vai “implantá-la” na “Deusa”. Era comum relacionar o “Deus” com o Sol, o Astro-Rei, essencial para que as plantações prosperassem. A “Deusa”, por sua vez, simbolizava a fecundidade passiva, pois ela quem receberia do “Deus” a semente da vida, para então germiná-la. A “Deusa”, portanto, era relacionada com a terra, a “Mãe Terra”. A mulher gera a criança a lhe dá a luz, como a terra gera a semente e dá alimento aos Homens. Por ser a geradora da vida, a figura feminina era mais requisitada do que a figura masculina, tendo mais destaque. Por conseqüência, as próprias mulheres eram respeitadas de forma ímpar, tanto que em algumas culturas a linha hereditária para sucessão de altos postos era feita pela linha materna e não pela paterna.

 Comumente, a “Deusa” era retratada em três “faces”: Donzela, Mãe e Anciã. Na verdade, essas três faces nada mais são do que exemplificações das próprias fases da vida de uma mulher. A juventude é personificada pela Donzela, a maturidade pela Mãe e, finalmente, o ápice da vida, a plenitude da existência, pela Anciã.  
Nós conhecemos esse tipo de divisão no próprio Cristianismo, onde a “Divindade Superior” é composta pelo Pai, Filho e Espírito Santo, ou seja, a Santíssima Trindade. No Culto a Deusa, algumas vezes tratavam-se de três deusas distintas, unindo-se em suas peculiaridades para formar uma Trindade, outras vezes tratava-se de uma mesma Deusa, apresentando-se em três faces, cada qual com seu ensinamento.

Na mitologia grega temos o exemplo de Hera, Afrodite e Atena. Três deusas distintas que, juntas, não chegavam a ser consideradas uma Divindade Única, mas representavam três aspectos importantes do feminino: a maternidade (Hera), beleza (Afrodite) e sabedoria (Atena). Já na mitologia egípcia temos Ísis que agregava em si os três aspectos da “Deusa”.


 
 Na Ordem Internacional das Filhas de Jó existe a figura das filhas de Jó. Após ter superado todo seu infortúnio, Jó foi recompensado com três filhas, tidas como “as mais justas da Terra”. Não se tratam de deusas, mas simplesmente três personagens de uma história bíblica. Contudo, ao analisarmos o simbolismo de cada uma delas veremos muitas semelhanças com a forma como as deusas tríplices eram retratadas na antiguidade.


Gemina, Kezia e Keren Happouck são três irmãs. Gemina, cujo nome significa “Pomba”, é a caçula. A pomba em algumas culturas era o símbolo da própria “Deusa”, sendo uma ave sagrada. No Cristianismo, a pomba branca é símbolo do Espírito Santo, uma das vertentes da Santíssima Trindade. Gemina é ainda símbolo de pureza, da primeira parte da história de Jó. Quando nascemos até o fim da juventude, somos marcados pela pureza e inocência, inerentes à nossa tenra idade.

A Donzela simboliza, essencialmente, os começos, a juventude, a esperança, as sementes, o crescimento, a vitalidade, o lúdico. Ela aparece enaltecendo sua beleza, feminilidade e, muitas vezes, sua virgindade, não no sentido de abstinência sexual, mas o de ainda não ser casada, de não pertencer a ninguém. A estação do ano correspondente à Donzela é a primavera e, assim como Gemina faz referência a primeira parte da vida de Jó, esse aspecto da Deusa remete aos primeiros passos na vida de uma mulher.
 
Os três postos mais altos em um Bethel são o de Honorável Rainha, Primeira e Segunda Princesas, essas representando as filhas de Jó. Na prática, a Filha de Jó que assume o posto de Segunda Princesa, o qual simboliza Gemina, está galgando, em teoria, os primeiros passos definitivos para um dia tornar-se Honorável Rainha. Fazendo parte da Tríade, ela é iniciada na experiência de ser um ícone para suas Irmãs. Sua posição a levará quer queira ou não, a ver o Bethel de uma forma que ela não estava acostumada: a de líder e não de liderada.

Vale lembrar que ela ainda está começando a caminhada e seu coração está repleto de curiosidade, anseios e vontade de aprender. Assim como a Donzela, Gemina, ou a Segunda Princesa, inicia seu processo de aprendizado com a benesse de ainda não carregar as maiores responsabilidades, embora já as possa vislumbrar em um futuro próximo. A alegria, leveza e criatividade dessa fase devem ser valorizadas a fim de se tornarem bases sólidas para as fases seguintes.


Referência: “A Deusa Tríplice”, de Anna Leão,  site www.annaleao.com.br, publicado em 05/04/2009.

Por:  Semíramis  Dominghetti, PHR/MM
Bethel Santa Rita # 11 de Minas Gerais

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Com amor de Jó,