SER OU NAO SER A GENTE MESMO: EIS A QUESTÃO!


Falamos agora a pouco sobre a dificuldade de ser uma Filha de Jó moderna. E a dificuldade de sermos “nós mesmas”?

Independente da idade, todos nós buscamos a resposta a essa pergunta: Quem somos? Essa é uma pergunta muito profunda e difícil, pois estamos em constante transformação.
Pois é! Não pense que a dúvida sobre si mesma é “privilégio” apenas dos adolescentes ou jovens! A busca da mais profunda identidade é um anseio de todo e qualquer adulto (ou ao menos deveria ser).
 
E como é possível sermos nós mesmos em meio a tantas regras sociais? Talvez seja bem fácil ser você mesmo quando você está dentro de um padrão considerado normal. E como é quando você sai fora desse padrão?

Hippies, góticos, nerds, patricinhas... Adoramos definir as pessoas, colocá-las em grupos e deixá-las por lá.

Na minha adolescência cheguei a adotar vários estilos de roupa. (É claro que o nosso "ser" não se limita apenas ao nosso modo de vestir, mas vou usar isso como exemplo, ok?) Bem, eu tinha um gosto bem peculiar para as minhas roupas, o que deixava a minha mãe bem preocupada quanto a isso.

Acho que o momento em que passei a refletir sobre meu modo de vestir e de me portar - e como esses agentes "externos" influenciavam as pessoas em seus julgamentos ao meu respeito - foi quando participei de um concurso de Miss Filha de Jó, mais especificamente da entrevista de traje social. Dou créditos a esse momento, pois se não fosse por ele talvez eu demorasse mais ainda para refletir a respeito.
 

Fui e ainda sou muito julgada pela minha forma de vestir, pelo meu jeito de ser, pelas minhas opiniões... enfim, pelo que eu sou. Escutei comentários maldosos, outros sinceramente tentando me ajudar. Claro! Vivo em uma sociedade cada vez mais visual, imediatista, onde informações praticamente instantâneas chegam o todo tempo. Por que não ser avaliada pelo modo mais “simples”: pelo que aparento externamente, seja pela minha roupa, meu corte de cabelo ou modo de falar?
 
Desde os tempos primitivos o ser humano julga pela aparência. Vamos pensar nos homens das cavernas, que só grunhiam, vendo seu vizinho com uma bela pele de urso cobrindo o corpo. É claro que uma pessoa usando uma pele de urso deveria parecer mais aterrorizante que uma usando pele de coelhos. Assim como no período medieval sabíamos que alguém era rico quando usava roupas púrpuras, já que era muito caro tingir roupas nessa tonalidade.

 
Quando pensamos em homens com roupas listradas em preto e branco, lembramos de prisioneiros. Os quadriculados das “saias” dos escoceses remetem aos clãs aos quais eles pertencem. A aparência (e incluo não só nossa forma de vestir, mas forma de falar, de se expressar, portar, entre outros) é uma ferramenta de julgamento, enraizada em nosso consciente coletivo.

 
Infelizmente, o ser humano não superou esse instinto de julgar pela aparência. É o que temos de mais imediato, mais fácil, mais direto. Podemos nos mudar quanto a esse conceito, mas não podemos mudar o outro.
 
Cada um tem sua opinião e seu gosto. Assim como não queremos ser obrigadas a usar algo que não gostamos, também não podemos exigir que o outro concorde com a nossa aparência. Podemos exigir respeito, mas exigir respeito não significa que o outro seja obrigado a ser nosso amigo, a nos namorar ou nos contratar para um emprego.
 
É digno sermos nós mesmos. Claro que é! Que coisa horrível passarmos a nossa vida tentando ser diferente, negando a nossa essência ou nos alterando para enquadrar a algum padrão maluco. Ocorre que nesse processo nem sempre nos damos conta que existe o outro lado da história – o do outro – que pode não estar no mesmo nível de entendimento que o nosso.
 
Por isso, tão importante quanto sermos nós mesmas é termos força para assumirmos as RESPONSABILIDADES de sermos nós mesmas. Isso ninguém pode fazer por nós. Nem nossos pais, nem nossos amigos, muito menos a sociedade.
 
Sermos nós mesmas muitas vezes implicará em perdas, em não sermos aceitas ou amadas por determinadas pessoas e grupos. Implicará perdermos oportunidades porque simplesmente não nos encaixamos em um perfil. Mas, também implicará em nos aproximarmos de outras pessoas e oportunidades, e o nosso ser se pautará nisso: o que eu quero - ou não quero - para mim e o preço que estou disposta a pagar por isso. Como diz a música: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Sermos nós mesmas é termos maturidade para aceitarmos que algumas vezes vamos perder, enquanto seguimos com determinação em busca daquilo que podemos ganhar.

Semiramis Dominghetti 

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Com amor de Jó,