PARENTESCO MAÇÔNICO - TER OU NÃO TER? EIS A QUESTÃO!


 

Um dos requisitos de nossa Ordem é que, para se tornar um membro, a Candidata deve possuir parentesco maçônico. Isto está escrito em nosso segundo Landmark, ou “lei imutável” que diz “Associação composta por meninas em desenvolvimento que acreditam em Deus e tenham parentesco Maçônico”. Esta informação também é detalhada em nossa Constituição, onde Parentesco Maçônico deve ser interpretado como significando um parentesco por sangue, casamento ou lei com um Mestre Maçom, com sua esposa ou viúva, com um membro das Filhas de Jó ou com um Membro de Maioridade das Filhas de Jó.

Estamos, mais uma vez, diante de uma Suprema Sessão onde uma das emendas propostas é abrir este “parentesco” para um apadrinhamento onde uma candidata, mesmo que não tenha parentesco, possa ser afiançada por um maçom que a conheça.

Ao longo do tempo temos visto a dificuldade de muitos Bethéis encontrarem membros para iniciação. Certamente a maioria de nós já “ouviu falar” de um Bethel que tenha sido fechado pela falta de membros, especialmente em cidades pequenas.

Logo, podemos imaginar que a grande causa desta dificuldade em encontrar membros é a obrigatoriedade deste tal parentesco.... SERÁ MESMO?

Gostaria de levar vocês a uma reflexão junto comigo...

Eu não tenho dúvidas que “abrir o parentesco” trará muitos benefícios. Eu acho mesmo que será muito mais fácil encontrar candidatas, pelo fato de não precisar comprovar um parentesco, e enfrentar tanta burocracia que enfrentamos hoje, especialmente quando a menina não é filha ou neta direta de um maçom, e temos que levantar toda a documentação para liga-la ao parente maçom indicado na ficha de petição. Além disso, eu tenho certeza que para muitos Bethéis, esta será a salvação para que o fim não seja uma certeza. Ao mesmo tempo, me dói saber que estaríamos quebrando um “landmark”, cujo significado é “lei imutável, lei primária, que nunca deveria ser mudada”, e que também deixaríamos de ter o vínculo especial do parentesco com um maçom, reforçando a idéia de herança, que tanto temos orgulho de dizer. O que eu não tenho certeza sobre esta grande transformação é se “essa tal liberdade” vai resolver o problema da falta de membros nos Bethéis.

Bom, esta é a minha opinião apenas, e em 18 anos que faço parte das Filhas de Jó, eu mesma já ouvi muitas histórias que se contradizem. Já ouvi falar de Bethéis fechando porque tinham poucos membros, assim como já vi Bethéis grandes fecharem porque tiveram um “racha” no conselho Guardião, e não puderam se sustentar. Por outro lado, também já vi Bethéis pequenos, que já chegaram a ter 7 ou 8 membros por um momento, durarem anos a fio e hoje estão completando quase 20 anos, e continuam lá....

Já vi Bethel iniciar 10 meninas em uma gestão, e na seguinte perder 11, ou porque atingiram maioridade, ou foram estudar fora, ou simplesmente não gostaram da Ordem e se afastaram, ou sumiram sem dar explicação, ou alguma coisa aconteceu e nunca ficamos sabendo.

É claro que, como em muitos Bethéis, já vi Filhas de maçons que eram as menos interessadas, e muitas vezes aquela que era Bisneta, que nem chegou a conhecer o bisavô maçom em vida, era a Filha mais assídua e dedicada. Já vi de tudo.

Outro exemplo que sempre gosto de usar é sobre a Ordem Internacional do Arco Iris para Garotas, que é uma instituição muito, mas muito parecida com a nossa. A diferença é que elas não requerem parentesco com um maçom. Mas aqui em São Paulo, por exemplo, onde temos várias Assembleias Arco-Iris, posso contar nos dedos quais meninas não possuem parentesco algum, pois a maioria, se não a totalidade das meninas que eu conheço, são Filhas de maçons! No entanto, esta mesma Ordem, cujo parentesco maçônico não é exigido, também sofre as mesmas dificuldades que nós: falta de membros! E mesmo em uma cidade tão grande como São Paulo, já presenciei uma Assembleia implorando pra uma irmã chegar, ou não haveria como abrir a reunião Ritualística. Sim, isso também acontece com ordens que não requerem o parentesco maçônico!

A reflexão que eu gostaria de fazer é: Só teremos mais membros se abdicarmos do parentesco maçônico? Será que esta é a abordagem mais importante que devemos ter diante do problema que todos nós estamos enfrentando ao longo dos anos?

Será que o tal “apadrinhamento” não seja será tão limitante quanto o parentesco? Afinal, nem sempre vou poder convidar aquela minha amiga legal da escola, pois não sei se ela terá um maçom padrinho que a conheça e que vai assinar a ficha dela, e ser responsável por ela.

Será que estamos procurando meninas no lugar certo?

Será que estamos promovendo a Ordem da forma correta, distribuindo panfletos, escrevendo cartinhas para as lojas, fazendo apresentações nas Lojas maçônicas, mostrando o nosso valor e trabalho dentro e fora da maçonaria?

Será que estamos procurando as netas, bisnetas, primas de segundo grau, enteadas de maçons também, além das Filhas?

Será que os tios sabem que as sobrinhas ou primas deles também podem ser Filhas de Jó? Nem sempre o que é óbvio para nós será para todo mundo...

Será que estamos procurando as primas de Filhas de Jó ou Membros de maioridade? Ou mesmo suas filhas (sim, já temos muitas meninas que são filhas de MM´s de nossa Ordem em idade de iniciar!).

Será que estamos desenhando a árvore genealógica básica de cada tio maçom, ou Filha de Jó, ou Membro de maioridade para descobrir se cada um tem pelo menos uma candidata em potencial para nos apresentar alguma vez na vida?

Será que estamos conseguindo divulgar a Ordem também nas cidades próximas, onde temos maçonaria, mas ainda não tem as Filhas de Jó, e que estas meninas que moram tão perto também pudessem fazer parte de nossa Ordem?

Será que estamos sabendo falar o que é a Ordem das Filhas de Jó, o que fazemos, e os seus objetivos, e desta forma, despertar o interesse daquelas que são candidatas em potencial?

Cidade pequena? Não vejo como o maior problema, pois quanto menor é a cidade, mais parente a gente encontra, e no fundo, sempre vai ter algum maçom parente de alguém!

Talvez precisemos apertar os laços que nos unem, mudar uma coisinha aqui ou ali, para não permitir tanta rotatividade, não permitir as picuinhas, as brigas, a desunião, e consequentemente, tantos afastamentos desnecessários...

Cidade grande? Quantas lojas, Capítulos de Estrelas do Oriente podemos visitar e levar panfletos, fichas de petição, vender brigadeiro ao final da reunião, e perguntar se o tio conhece alguma menina bonita e legal da família dele para podermos chamar de irmã! Ah... ele sempre vai lembrar de alguém... e então, anote o nome e o telefone, insista, persista, não deixe o tempo passar!

Estes questionamentos nos levam à reflexão... pois mesmo que este parentesco maçônico não seja mais obrigatório e a Ordem permita a entrada de outras meninas, elas jamais vão saber ou se interessar pela Ordem se não fizermos o nosso trabalho bem feito, não é mesmo?

Mesmo que o parentesco maçônico (e lembrem-se, com Filhas de Jó e Membros de Maioridade também!!!!!) seja aberto, não esperem que o Bethel vá lotar imediatamente, e que tudo vá mudar da noite para o dia. Não, isso não vai acontecer, e talvez até seja mais difícil encontrar uma boa candidata que tenha um maçom conhecido para afiança-la e ser responsável por ela do que encontrar um maçom que tenha uma boa parente para apresentar!

Para isso acontecer, minhas irmãs, precisamos melhorar nossa forma de divulgar a Ordem, de abordar as pessoas, melhorar a forma de incentivar o interesse e de atrair membros! E mais, melhorar tantas outras coisas que fazem com que nossas irmãs se afastem de nosso Bethel, pois muitas vezes, nem ficamos sabendo o motivo pelo qual uma irmã deixou nossa Ordem e nunca mais apareceu...

Será que o maior vilão é mesmo o parentesco maçônico?

Temos tantos desafios a percorrer devido a “falta de membros”, e acho que poderíamos nos unir mais em prol da divulgação de nossa Ordem, manutenção de nossos membros, abordagem nas Lojas Maçônicas, e quem sabe, “abrir o parentesco”, seria apenas mais um reforço para fazer nossa Ordem continuar a crescer, e não a solução para algo que é muito maior do que imaginamos!

Pensem nisso! =)

Por: Fabiana de Luna

4 comentários:

  1. Mais que o "parentesco maçônico", o grande vilão é a "falta de comprometimento" das meninas que estão no Bethel e das que iniciam. Isso não é exclusividade das Filhas de Jó Internacional, acontece na maçonaria e na Ordem De Molay também. Mas a despeito disso a liberação do parentesco maçônico ajudará sim aos Bethéis a conseguirem se estabilizar com um maior número de membros, sobretudo das cidades menores. Uma das melhores Filhas de Jó que eu conheço não tinha nenhum parentesco, ela iniciou no tempo em que se pensava que um apadrinhamento maçônico servia e o comprometimento dela com a Ordem era imenso, como deveria ser o de todas as Filhas de Jó.

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  2. Bastante clara e lúcida a dissertação da Sobrinha Fabiana. O argumento mais razoável para a liberação do parentesco maçônico é conforme o Ir. Alcoro está colocando: "não resolve, mas ajuda".

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  3. Vale destacar que qualidade conta mais que quantidade sempre, entretanto vale dizer também que existem diversas boas pessoas que talvez poderiam ter acesso e contribuir de forma positiva para o crescimento e fortalecimento da ordem e que não podem por não ter parentesco! A questão da abordagem é relativa e vários aspectos, nem sempre o crescimento é favorável em qualquer lugar, é ainda mais difícil em cidades pequenas em que a maçonaria muitas das vezes é arcaica e de certa maneira limita a ação paramaçônica. Um dos pontos difíceis de trabalhar nisso é mudar uma "lei imutável", não só pela sua função mas também pelo contexto da ordem, contudo posso dizer por algumas experiencias que já conheci pessoas dignas de uma oportunidade de ser lapidada por ordens como por exemplo as FDJ.. Como exemplo posso dizer que já vi em capítulos DeMolay, ao longo de alguns vários anos, pessoas não aparentadas de maçons e levando a instituição com grande excelência, casos e casos, mas vale pensar em expandir o que é bom.

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Com amor de Jó,