Esse crescimento ligeiro não trouxe apenas a glória de uma Ordem tão promissora. Como tudo que está apenas começando, existiram diversas dificuldades, entre elas a falta de instrução e, consequentemente, um desconhecimento das leis e regulamentos de nossa Organização em maior ou menor grau. Não sei se é porque adoramos a nossa miscigenação, se curtimos um sincretismo, se faltava criatividade em uns casos e sobrava em outros. Mas aos poucos fomos incorporando costumes da maçonaria, da Ordem Demolay, de grupos de jovens, de adultos, enfim, de tudo que parecia legal ou bonito.
Se acontecia algo e não sabíamos como proceder, inventávamos na hora a solução pois a resposta daqueles que tinham acesso às leis poderia demorar. E quando a resposta chegava e não agradava, dávamos um “jeitinho” de adaptar. E foi assim que criamos o que chamo de “Lendas Bethelísticas”. São análogas às Lendas Urbanas porém contá-las causa arrepios no mais destemido Supremo Conselho.
Nosso vergonhoso "jeitinho brasileiro" aparece quando mantemos hábitos já corrigidos e condenados simplesmente porque é mais fácil ou porque gostamos. Vários rituais abertos durante a reunião, a chamada na porta, a supressão de partes do ritual que não poderia ocorrer mas que acontece porque atrasamos a reunião e tem uma pública logo depois, eleições cheias de conversa e combinação de votos, meninas entrando sem meia, sem tiara, bem, acho que todo mundo tem um exemplo de transgressões que deixou passar porque "Ninguém tá vendo. Se você não contar eles não vão saber." É uma maneira muito prática de resolver nossos problemas, mas todos sabemos que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor ou o correto. Precisamos trabalhar para extingui-lo não só dos Betheis, mas das nossas vidas!
Agora, e quando nossas raízes tocam coisas não proibidas? Será que é válido deixar de fazer algo só porque ninguém mais faz? Será que é tão ruim querer ser diferente naquilo que podemos ser? Se não ferimos a constituição e não fazemos adendos e modificações no ritual qual o problema em colocar um pouquinho desse Brasil nas reuniões?

Nós temos um jeito único e extrovertido que cativa. Nós somos essa mistura aqui mesmo e acho lindo que sejamos assim. Tudo o que precisamos fazer é seguir a ritualística, sem tirar nem inventar partes, criar regulamentos que atendam nossas jurisdições sempre respeitando a constituição e caprichar naquilo que pode ser mudado.
Eu defendo que antes de ser Filha de Jó eu sou brasileira e sempre que puder eu vou brasileirar.
Aline Camurate Barbosa, Bethel Estrelas Unidas #33 de Sete Lagoas, MG
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Com amor de Jó,