"Meu objetivo é
fundar um Bethel na capital e não vou abaixar os braços até conseguir, já fico
me imaginando como soaria em espanhol “Orden Internacional de las Hijas de Job”
fantástico, não acham?"
ALINE NIZ, HONORÁVEL RAINHA DO BETHEL 04 PONTA PORÃ, MS
1. Fale seu
nome, idade, de onde você é, Bethel de origem, data de iniciação e um pouco
mais sobre você.
Meu nome é Aline Niz, sou de Pedro Juan Caballero – Paraguai, fronteira
com a cidade de Ponta Porã-Ms. Sou membro do Bethel N° 4 “Flor de Liz” e
iniciei em novembro de 2011. No dia da minha iniciação, iniciamos 8 meninas, eu
pensei que eu era a única paraguaia, mas das 8 meninas, 5 eram paraguaias.
Eu me considerava uma menina tímida, mas à medida que eu estava
aprendendo coisas maravilhosas na Ordem, deixei a timidez de lado. Há 2 anos
atrás terminei o Ensino Médio e me matriculei em medicina em uma universidade
privada da minha cidade mas tranquei na metade do ano porque optei por tentar a
admissão em uma universidade pública (Universidad Nacional de Asunción UNA) e
até agora continuo na luta.
2. Como é a
maçonaria no Paraguai? Você gostaria de levar as OIFDJ para o seu país?
A maçonaria no Paraguai é antiga e muito discreta, de certo modo é devido
a que aqui no Paraguai temos uma sociedade dividida e uma metade ainda não é
muito aberta, são muito conservadores, e em algumas cidades do interior são
muito influenciados pela igreja então para eles á Maçonaria é vista como um
tabu. Por outro lado considero a Maçonaria bastante forte no Paraguai, existem
cerca de 100 lojas ou talvez mais distribuídos em 5 cidades: Asunción,
Encarnación, Ciudad del Este, Concepción e Pedro Juan Caballero. Na minha
cidade temos 4 lojas maçônicas e recebemos muito apoio dos tios paraguaios.
Gostaria muito de trazer a Ordem ao meu país, para que outras meninas
paraguaias tenham a oportunidade de aprender coisas maravilhosas que só a Ordem
Internacional das Filhas de Jó nos ensina. Já pensei na possibilidade de fundar
um Bethel na minha cidade, mas como muitas ativas do meu Bethel são paraguaias
descartei essa possibilidade (no futuro, quem sabe), então meu objetivo é
fundar um Bethel na capital e não vou abaixar os braços até conseguir, já fico
me imaginando como soaria em espanhol “Orden Internacional de las Hijas de Job”
fantástico, não acham?
Nota: Se conseguimos fundar um bethel no Paraguai, talvez os tios e
primos paraguaios já não nos confundiriam com as meninas do arco iris hahaha.
3. Existem
outras ordens paramaçonicas no seu país? Se sim, quais?
Sim, a Ordem Demolay e a Ordem Internacional Arco Iris para meninas
Irmã Aline Niz com os tios
os tios da loja Concordia universal e os primos do Capitulo Capitan Pedro Juan Caballero
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4. Existem
muitas diferenças entre o Brasil e o Paraguai? Quais?
Existem certas diferenças, no Paraguai a sociedade é muito conservadora,
enquanto o Brasil tem uma sociedade mais aberta em relação a qualquer assunto,
exemplos claros é a Maçonaria, o casamento gay, entre outras coisas. Mas alem
de tudo isso somos bastante tranqüilos e hospitaleiros.
Um gosto que compartilhamos com os cidadãos de Ponta Porã e de outras
cidades do estado de MS é o terere. O terere consiste em uma mistura de água
fria e ervas refrescantes esmagados, que é servido em um recipiente que nos
chamamos de “Guampa” a qual contem erva-mate. O terere foi declarado a bebida
oficial do Paraguai e Patrimônio Cultural da Nação, e cada ultimo sábado do mês
de fevereiro, o “Dia Nacional do Terere” é celebrada. Nas tardes quentes, em
uma reunião com amigos ou simplesmente no horário do trabalho, o terere se
torna indispensável.
Não posso me esquecer da polca paraguaia ou da guarania que não pode faltar
nas festas familiares. Também tem as danças, as mulheres se vestem com saias
longas e uma blusa branca ou bata solta confeccionado com “Ao po’i” (Significa
tela fina ou prenda delicada) o nome dessa blusa é “Typoi”, tem danças como a
galopera, em casais, de inspiração folclórica e dança da garrafa, onde as
dançarinas dançam equilibrando na cabeça uma ou varias garrafas. http://www.youtube.com/watch?v=E-92Uduyecc
Também tem diferença nas eleições, no Paraguai não tem isso de segundo
turno, o candidato pode ser eleito uma porcentagem a menos que 50%. Também no
Paraguai não tem reeleição presidencial.
Outra diferença é na educação aqui não fazemos provas como o ENEM, nas
universidades privadas você faz a matricula e já entra (menos na UCA) mas nas
Universidades Públicas você deve fazer um cursinho de um ano e depois passar na
prova de ingresso, tipo vestibular.
ã |
Concurso de Talentos no I UBEMS ( União de Betheis do Estado de Mato Grosso do Sul |
5. Como você
conheceu a Ordem?
Eu estava ciente sobre as ordens paramaçônicas, menos sobre as Filhas de
Jó. Um dia meu pai me perguntou se eu gostaria de ir a uma cerimônia pública de
umas meninas que pertenciam a alguma ordem paramaçônica, na época eram as
meninas do Bethel n° 2 de Dourados que fariam uma apresentação da Ordem, e eu
não pude comparecer porque estava morando em Asunción. Meu pai nunca voltou a
me falar sobre isso. Certo dia (já morando de novo em Pedro Juan) eu estava
olhando o muro do facebook e vi uma foto que uma menina do meu colégio postou,
na foto tinha meninas vestidas com roupas longas e brancas e outras com capas e
coroas, a foto foi tomada dentro de uma loja maçônica, entrei no álbum da foto
e vi que o nome era ‘Filhas de Jó”. Escrevi no buscador de Google “Filhas de
Jó, maçonaria” e encontrei sobre a Ordem no Wikipedia, gostei bastante e fiquei
muito interessada em formar parte. Eu comentei sobre isso com o meu Pai e como
a menina que publicou a foto é filha de um tio maçom da loja do meu pai foi
mais fácil conseguir informações. O Bethel era novo na época e minha iniciação
foi à primeira iniciação que elas fizeram.
6. No seu
Bethel tem muitas filhas de Jó do Paraguai? Como vocês lidam com a questão da
língua?
Segundo o meu calculo tem 24 paraguaias e dessas 24 duas já são membros
de maioridade. Quando o Bethel foi fundado muitas das fundadoras eram
paraguaias, depois da minha iniciação iniciamos mais 5 paraguaias, em outra
iniciação fui tipo “Madrinha” de 11 paraguaias que iniciaram, e na iniciação
recente iniciaram mais 2. Depois tem meninas que tem pais ou mães paraguaios.
Nesta gestão a linha de frente é composto por 4 paraguaias, nos cargos
de: Honorável Rainha, 1ra Princesa, 2da Princesa e Dirigente de Cerimônias
Em relação com a questão da língua, ela não é um problema porque os
fronteiriços estão familiarizados com o português assim como os de Ponta com o
espanhol. No Bethel as brasileiras entendem o espanhol e as paraguaias o
português. Nossas ritualísticas são feitas em português, claro mas quando é
dado opiniões podemos falar em espanhol. Para nos comunicar com as irmãs
brasileiras falamos em espanhol (porque elas entendem) também falamos o português
e muitas vezes uma mistura dos dois que é o “portunhol”. Também fazemos
homenagens nos dois idiomas, na ultima cerimônia publica dois Filhas de Jó
paraguaias fizeram uma homenagem, uma falava em espanhol e a outra em
português, foi muito lindo!
Na minha posse como Honorável Rainha teve convidados do Paraguai e do
Brasil então eu fiz o meu discurso em português, espanhol e guarani.
Alem de ter Filhas de Jó paraguaias, também tem abelinhas paraguaias
7. Seu Bethel
já fez alguma reunião, atividade do Bethel ou participou de algum evento da
maçonaria no seu país? Se sim, conte um pouco.
Sim, tivemos duas ritualísticas em dois templos maçônicos de Pedro Juan:
Alborada del Amambay e Concórdia Universal, e já fomos convidadas para escoltar
os tios na posse do novo venerável.
8. Quais os
cargos que você já ocupou no seu Bethel
Na gestão depois da minha iniciação fiquei no coral, mas na metade da
gestão assumi o cargo de capela, também já fui Dirigente de Cerimônias, 1ra
Princesa, Coral de novo e agora sou Honorável Rainha.
Obs: Gostava muito de estar no coral, pois ao substituir os cargos
aprendemos muito.
Informações
adicionais:
Nosso Bethel tem como lema: Dois países unidos por um só ideal
No conabb muitas meninas ficaram sabendo que tinha Filhas de Jó paraguaias,
elas preguntaban como fazíamos nossas ritualísticas, se o idioma dificultava
muito.
Tem um supremo deputado assistente para toda America Latina. Ele ficou
sabendo que tinha paraguaias no conabb e lhe surgiu à idéia de levar a Ordem em
países de língua espanhola.
Adorei conhecer um pouco mais do nosso pais vizinho e saber que temos tantas irmas paraguaias, espero um dia que possamos nos conhece-las
ResponderExcluirbeijos
Gente, eu sou de Campo Grande/MS e vi três bethéis serem fundados, um deles, claro, o da fronteira. E é muito legal essa união entre os países pela nossa Ordem.
ResponderExcluirTive o prazer também de ir na posse da Aline. Suas tentativas de falar português corretamente e vencer o nervosismo foi muito lindo.
Parabéns pela entrevista.
Beijos roxos.
Ps: na penúltima foto estou no cantinho direito *-*
Só uma ERRATA: O Bethel de Dourados é o 3, "Mensageiras da Paz".