O GRANDE CIRCULO DAS FILHAS DE JO - PARTE II



Segundo Mirella Faur em seu livro “Círculos Sagrados para mulheres contemporâneas” a “reunião em círculo de pessoas que compartilham os mesmos objetivos e interesses é uma maneira ancestral e sagrada de provocar transformações pessoais e coletivas.”

Mesmo reunindo em templos maçônicos, onde a formação física é retangular, pode-se dizer que as Filhas de Jó reúnem-se em círculos? Podemos dizer que um Bethel é circular?
  
Pensando na própria arquitetura interna de um templo maçônico, olhando para as paredes vemos os emblemas zodiacais. O zodíaco, também chamado de “cinturão da deusa Ishtar”, é formado por doze constelações ao longo da trajetória elíptica do Sol. Ou seja, mesmo de uma forma subliminar, a forma circular de reuniões está presente.

Vale lembrar que a forma física não é absoluta. “Reunir-se de forma circular”, vai além do palpável materialmente. Basta analisarmos sua essência.
O círculo dilui a liderança, oferece meios inclusivos de delegar tarefas. Não é assim em um Bethel, com seus cargos administrativos e ritualísticos? 

Outro principio de um Círculo é “o que se discute nele, deve permanecer nele”. As participantes do círculo devem ter essa tranquilidade de que, quando abrirem seu coração, o farão em um campo seguro, onde dali tudo que é dito não servirá de fofoca nem de julgamentos. Muito se questiona sobre o “segredo das Filhas de Jó”, o motivo das reuniões serem fechadas... E por mais que existam discussões infindáveis sobre o acesso ou não de nossos Rituais por pessoas não iniciadas, devemos ter em mente que o valor do nosso segredo não está propriamente em nossos livros cerimoniais e sim, nesse sentimento de confiança e lealdade que une uma às outras, estando ou não dentro de um Bethel. Esse sentimento sim, deve ser nosso maior bem a ser protegido.

Em um círculo, sugere-se uma liderança compartilhada, ou seja, que em tempos em tempos a líder seja substituída por outra. Além de possibilitar o crescimento individual, o círculo pode vivenciar e experimentar rumos diferentes de liderança, pois cada uma possui seus valores. 
As mulheres mais dinâmicas se sentirão pouco à vontade com uma dirigente mais lenta, ou vice-versa; mas aí é que está o grande desafio de círculo amoroso, alcançar a união e a colaboração de todas as integrantes, independente de quem seja a líder temporária. Isso muito se assemelha aos Betheis, onde a cada seis meses elege-se uma nova Honorável Rainha bem como as Oficiais, dando oportunidade a todas de exercerem as mais variadas funções. 

Para ingressar em um Círculo, a candidata e submetida á uma profunda reflexão, bem como o círculo também se prepara para recebê-la. Todo o procedimento é feito com muito amor, pois deve-se verificar se a candidata realmente compreende o sentido de fazer parte de um Círculo e se esse Círculo atenderá suas expectativas. Em um Bethel existe o mesmo cuidado com a futuras Filhas de Jó, com visitas e conversas às candidatas até que ambos os lados sintam-se seguros com o ingresso dela em um Bethel.

As reuniões também são realizadas em lugares apropriados, previamente estabelecidos em comum acordo com todas as participantes. Esse “lugar sagrado”, assim o é por tratar-se de um local acolhedor, um local para elas expressarem seus sentimentos, aprenderem, compartilharem, saírem de lá nutridas pelo amor e “curadas”. A cura dá-se no decorrer da reunião, por aquele sentimento de preenchimento do ser que nos invade ao fim de cada encontro. De mesma forma ocorre nas reuniões de um Bethel, realizadas em um espaço próprio, planejado, fazendo com que ocorram de forma harmoniosa, trazendo um sentimento de bem estar a todas as Filhas e Guardiões após seu encerramento.

Um Círculo Sagrado não é um grupo de terapia ou aconselhamento. A “cura” ocorre de modo sutil, prático, no executar e pelo próprio sentimento criado entre as participantes. Quem nunca conheceu uma garota que, após um tempo de ingresso em um Bethel, passou a ser mais alegre, desiniba e segura de si? Quantas meninas não percebemos desenvolver-se como excelentes oradoras, líderes e atuantes em suas vidas pessoais? E, até mesmo, quem não se recorda da enorme sensação de bem estar após uma reunião harmônica, bem realizada?
Fazer parte de um Bethel é fazer parte de um Círculo, sem começo e sem fim, e em nenhum lugar ele pode ser partido.

“Isso é uma necessidade absoluta para qualquer um.
Você precisa de um grupo, uma determinada hora
ou um certo dia em que não leu as notícias da manhã,
não sabe quem são seus amigos, não sabe o que deve
a quem quer que seja, nem o que lhe devem.
É um lugar onde você simplesmente vivencia e traz à tona
o que você é e o que pode ser. É o lugar da criação incubativa.
No início, você pode achar que nada acontece, mas,
se você tem um lugar sagrado e se serve dele,
alguma coisa eventualmente acontecerá.”
CAMPBELL



Por Semiramis Dominghetti

Leia aqui a Parte I aqui 

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Com amor de Jó,