1 - Fale seu nome, idade, Bethel de origem, data de iniciação e um pouquinho sobre você (sua profissão, o que gosta de fazer...)
Em primeiro lugar, quero agradecer e parabenizar ao Blog FDJ-BR e seus organizadores por estar promovendo a união entre as Filhas de Jó no Brasil e proporcionando tanto conhecimento por meio do Blog. Além disso, agradeço também a oportunidade inusitada em poder ter participado da promoção Miss Jurássica e ser escolhida, com muito orgulho, a Miss Jurássica do Blog FDJ-BR!!
Bom, meu nome é Ivone Ester Vidal Borges, sou Filha de Jó do Bethel 08/SC – Fênix de Florianópolis. Iniciei em 16 de agosto de 1998, na mesma ocasião da instalação do Bethel. Eu tenho 29 anos, sou formada em Direito há quase 7 anos, hoje sou servidora pública e trabalho assessorando um Juiz de Direito na Vara da Fazenda Pública aqui em Florianópolis. Como atividades extras, faço balé clássico duas vezes por semana, ando de bicicleta, sempre que posso vou acampar e gosto estar em contato com a natureza. E, claro, frequento o Bethel com regularidade.
2 - Qual a sua primeira lembrança das Filhas de Jó? Você se lembra da primeira vez em que ouviu essa palavra?
Até meus 13 anos eu morei Rio Branco no Acre. Lá, meu pai fazia parte de uma Loja maçonica e eu costumava brincar com as outras meninas dizendo que tínhamos uma associação para filhas de maçons e ficávamos horas fantasiando algo do tipo. Naquela época ainda não havia sido instalado o Bethel em Rio Branco e meu irmão já era DeMolay. Com a aposentadoria dos meus pais em 1997, viemos morar em Florianópolis (cidade onde eu e meu pai nascemos) e no ano seguinte, em um jantar da Loja que meu pai estava frequentando fui apresentada a uma menina que dizia fazer parte de um grupo de jovens chamado Bethel. Ela me disse que quando tivesse alguma sessão aberta me convidaria para ir conhecer. Logo me animei, pois estava tendo muita dificuldade de adaptação na cidade por conta das grandes mudanças que estavam acontecendo em razão da mudança de cidade. O tempo passou e meu pai chegou um dia falando que seria criado um novo grupo na cidade e perguntou se eu gostaria de fazer parte. Logo disse que sim e comecei a ter contato com as meninas que já eram Filhas de Jó e estavam organizando a instalação do novo Bethel (já tinha outro Bethel na cidade). Minha mãe foi escolhida para ser a primeira Guardiã e a partir daí a Ordem passou a fazer parte da vida de toda minha família.
3 - Qual a sua relação atual com a Ordem? (Faz parte de Conselho Guardião, auxiliar como Membro de Maioridade...)
Atualmente sou Promotora de Atividades Juvenis. Faz alguns anos que faço parte do Conselho Guardião ajudando em outros cargos e na gestão de 2008-2009 tive a grata oportunidade de ser Guardiã do Bethel. Foi uma experiência incrível, intensa e muito recompensadora. Na época em que fui indicada, fui chamada no concurso e tive que ir morar no interior, numa cidade chamada São Bento do Sul, que fica a 250km de Florianópolis. Fiquei lá por quase 2 anos e meio e por toda minha gestão como Guardiã estive a distância, indo e vindo todos os finais de semana de carro. Foi uam experiência extremamente cansativa, mas igualmente contemplativa. Valeu a pena todo o esforço, pois vivenciei momentos maravilhosos como Guardiã do Bethel!
4 - Você ganhou a promoção por falar da dificuldade que antigamente, a Musicista tinha em manusear o aparelho de som. Você acha que a Ordem ou as Filhas de Jó mudaram muito da sua época de ativa para os dias de hoje? Se sim, quais seriam essas mudanças?
5 - Se você pudesse voltar no tempo e reviver uma situação ou momento na Ordem. Qual seria e por quê?
Eu gostaria de reviver a gestão em que ocupei o cargo de Honorável Rainha (2003-1). Não por saudades da pomposidade do cargo, mas eu sou uma pessoa muito crítica, inclusive e principalmente comigo mesma, extremamente racional e me cobro demais, sempre. Em razão disso, eu passei a gestão muito estressada e preocupada com que tudo saísse conforme o que foi planejado. E com tanta preocupação, acabei “esquecendo” de ser leve, de levar as coisas de uma forma menos rígida comigo mesma e com os outros e não vi a beleza das flores nos caminhos por onde andei. Hoje, com a experiência e maturidade que eu tenho, vejo que me incomodava demais com os problemas e esquecia de sorrir e viver mais aquele momento com as minhas irmãs, de abraçá-las e beijá-las, de agradecê-las, de compreender mais a realidade delas. Adorei tudo o que consegui realizar, a gestão saiu conforme o planejado, conseguimos fazer coisas grandiosas (como trazer pela primeira vez o clube das Abelhinhas para o Bethel), mas eu me lamento por não ter conseguido ver e apreciar as coisas boas que aconteciam, por não ter colocado mais sentimento nas atividades, por ser racional demais e estar preocupada e focada nos pequenos problemas que aconteciam.
6 - Qual o aprendizado na Ordem que você mais utiliza hoje, na sua vida adulta?
Hoje na minha vida adulta e atribulada, carrego comigo os aprendizados da ordem mais essenciais que tive: a gratidão e a paciência. Aprendi que a gratidão é uma virtude belíssima que devemos manter em nossos corações a todo o momento. Agradecer pela vida, pelas oportunidades, pelas conquistas e pelas derrotas também. Aprendi muito com meus erros, com minhas quedas e vendo o erro dos outros. Trabalhando no Poder Judiciário vejo todos os dias pessoas com problemas realmente sérios, que não faz parte da minha realidade. Isso faz com que eu agradeça todos os dias pelo o que eu sou, pelo o que eu conquistei e pela família maravilhosa que eu tenho. Além disso, a paciência também carrego comigo, principalmente no meu trabalho, pois é o que me ajuda a superar todos os meus problemas e contratempos que acontecem diariamente, principalmente ao lidar com pessoas diferentes de mim. Com a paciência, também aprendi a respeitar o próximo, a compreender que cada um tem o seu tempo de aprendizado e evolução e, por isso, não devemos julgar os atos de ninguém, sejam quais forem, simplesmente por desconhecer a realidade de cada um. Aprendi a ser mais tolerante, mais compreensiva e, ao mesmo tempo, com a ordem, aprendi a lutar pelo o que acredito e pela liberdade e autonomia das mulheres.
7 - Muitas meninas “temem” a Maioridade, “deixar a veste” e tudo mais. Qual a sua mensagem a esses coraçõezinhos aflitos?
Gente, ser Membro de Maioridade é bom demais!!! Acreditem! Dói no começo ter que tirar o Robe. Dói quando você não faz mais parte da lista de chamada ou da lista de telefone do Bethel. Dói quando as Filhas esquecem de te avisar de alguma atividade, porque você não faz mais parte do quadro de Filhas regulares do Bethel. Dói quando você já não ganha mais alguma lembrancinha que era só para as Filhas. Mas, olha, só um Membro de Maioridade consegue ser próxima tanto das Filhas quanto das tias. Só um Membro de Maioridade consegue atuar brilhantemente dentro do Conselho Guardião, porque conhece o ritual e a realidade das Filhas com excelência. Um Membro de Maioridade pode (e deve) continuar no seu Bethel, pois creio que toda Filha de Jó deve levar consigo como aprendizado a gratidão. E, com a gratidão, vem a retribuição. Devemos, como Membro de Maioridade, retribuir tudo aquilo de bom que vivenciamos dentro do Bethel e permanecer para que outras filhas tenham a mesma oportunidade que tivemos um dia em ter um Bethel completo e à disposição para o seu crescimento. Membros de Maioridade são essenciais para o bom andamento do Bethel. São eles que dão apoio às Filhas, ao Conselho, são quem se pode contar nos momentos em que se precisa de conselhos com um ponto de vista diferente de uma tia-mãe. Vejo muito isso no Bethel que faço parte. Há alguns anos temos Membros de Maioridade no Conselho e isso dá uma vida danada para o Bethel, pois tanto as Filhas quanto o Conselho se sentem seguros com eles por perto. Então, a mensagem que posso deixar para vocês é de não ter medo da maioridade! A maioridade é um ritual de passagem, que traz muitas mudanças, muito crescimento, muito amadurecimento, muita gratidão. É um desabrochar para a vida adulta, que, acreditem, apesar de todos os “poréns”, vale a pena e é muito bom! Vocês se sentirão extremamente realizadas e recompensadas quando ouvirem de uma Filha ou tia: “obrigada pela sua ajuda” ou “obrigada por estar aqui”. A simples presença de vocês, Membros de Maioridade, já traz uma tranquilidade enorme! Tirar o Robe dói! Até hoje o meu está guardado, ainda não consegui desapegar dele. Mas faz parte do crescimento e amadurecimento, quando passamos de meninas a verdadeiras mulheres! Lembrem-se sempre: sejam verdadeiras, pratiquem o amor, ajam com humildade e compaixão, promovam a felicidade daqueles que estão ao seu redor e, assim, você carregará sempre em seu coração os ideais e virtudes de uma verdadeira Filha de Jó.
9 - "Como a Ivone, Filha de Jó ativa, via o concurso de Miss e como a Ivone Jurássica vê o concursos de miss hoje?!
Aqui em SC, quando começou a ter concurso para Miss Jurisdicional eu já estava quase entrando na maioridade – afinal, sou jurássica. Cheguei a participar de uma prova, mas não fui aprovada. Achava o máximo ser Miss, mas não tinha a real dimensão da importância que essa função. Uma Miss Jurisdicional ou Miss Simpatia deve ser, em primeiro lugar, comprometida com sua função. Vejo algumas meninas hoje querendo participar de concurso apenas em razão de vaidade. Depois que conquistam “a faixa”, muito pouco visitam os Bethéis, não dão a atenção devida às Filhas e deixam um pouco a desejar. Não é regra, mas acontece. Então, acho que deve ter muita consciência da jovem que tenha vontade de concorrer ao posto, pois traz consigo muita responsabilidade, já que, pelo menos aqui em SC, as Miss Jurisdicional tem a função de auxiliar os Bethéis quando há dúvidas e dar o suporte necessário às Filhas quanto às questões de ritualística quando solicitadas.
10 - O que você acha que a Peregrina Ivone diria, se falassem pra ela que dali uns anos, ela receberia o Grau Royal Purple?
Ela, certamente, não acreditaria. O Grau de Púrpura Real sempre foi visto por mim como algo de extrema relevância e grandiosidade. Jamais passou pela minha cabeça, como Filha ativa, em receber tamanha honraria. Depois que me tornei Membro de Maioridade, a minha referência de Grau de Púrpura Real era a irmã Ana Paula Maciel, do RS, que é uma Filha de Jó fantástica e que foi por muito tempo uma referência aqui no Sul do País, quiçá do Brasil. Então, na minha cabeça, esse grau não caberia a mim. Foi uma surpresa maravilhosa que tive, cuja gratidão trago comigo todos os dias quando acordo. Entretanto, é um Grau que também me trouxe mais responsabilidade e comprometimento. Nunca me achei exemplo de nada e nem quis. Sou humana como todos, já fiz e ainda faço um monte de coisa errada e não quero ser referência de nada para ninguém. Porém, com o Grau de Púrpura Real eu sinto que as pessoas esperam algo a mais de mim e eu também, como crítica que sou de mim mesma, tenho me vigiado um pouco em não deixar a desejar. De quaquer maneira, tenho um amor incondicional pela Ordem e pelo Bethel do qual faço parte. Não passa pela minha cabeça em me afastar (dos 15 anos que sou Filha de Jó, fiquei afastada totalmente por 1 anos apenas, quando já era Membro de Maioridade), muito menos agora. Acho que também se trata de um ritual de passagem, uma nova fase na minha vida como Filha de Jó, uma nova era. Foi lindo, pois a cerimônia de entrega do Grau foi feita na cerimônia comemorativa ao 15 anos de instalação do Bethel, que fui fundadora. Então foi muito simbólico, profundo e tocante para mim. Sei que tenho muito a aprender ainda, que posso ter algo o que ensinar também e que a minha presença no Bethel, simplesmente, pode ajudar de alguma forma, nem que seja para carregar cadeira para dentro do templo. rs. Enfim, ser detentora do Grau de Púrpura Real é demais, é lindo, é extremamente gratificante (ainda mais quando a indicação vem de um Conselho Guardião tão querido e maravilhoso quanto ao meu Conselho), mas também traz uma alta carga de responsabilidade e comprometimento. Mas acredito também que cada um traz consigo as responsabilidades que é capaz de carregar e, por isso, estou plenamente feliz, grata e satisfeita com esse reconhecimento.
Agradeço, mais uma vez, a oportunidade que o Blog FDJ-BR me deu em participar dessa promoção e orgulhosamente ser a Miss Jurássica!
Belíssimas palavras, entrevista maravilhosamente bem elaborada! Concordo com suas opinião quanto a ser Membro de Maioridade, é quando percebemos que ainda somos necessárias nas atividades do Bethel. Parabéns pela sua trajetória e amor pela Ordem!
ResponderExcluirBeijos.
Obrigada mana!! :)
ExcluirBjs.
Super entrevista. Realmente, muito bem elaborada.
ResponderExcluirParabéns, Irmã!!
ResponderExcluirO blog estará sempre a disposição ;)
Beijos