O TEMPLO MAÇÔNICO (PARTE 5)






O TEMPLO MAÇÔNICO
(PARTE 5)








Por Semíramis Dominghetti

Ao olharmos para o teto perceberemos a pintura de estrelas, do Sol e da Lua. Sobre o Venerável Mestre está o Sol, sobre o 1º Vigilante a Lua e sobre o 2º Vigilante uma estrela de Cinco Pontas. A constante utilização da Estrela de Cinco Pontas pode nos remeter à Estrela do Oriente ou a Estrela Iniciação, a qual simbolizou o nascimento de JESUS para que os Três Reis Magos pudessem encontrá-lo. A Estrela de Cinco Pontas também pode ser considerada símbolo do Homem Perfeito, pleno em seus cinco aspectos: físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual.

Se ficarmos em pé, com os braços e pernas abertos, lembraremos a forma de uma Estrela de Cinco Pontas. Deve ser por essa razão que muitas vezes ela representa o homem de braços abertos, dominando suas paixões e emoções.

Os três postos mais altos de uma Loja representam as posições do Sol durante o dia: o nascer, o apogeu e o seu ocaso (pôr-do-sol). Somos parte do Universo e caminhamos com ele, em seu movimento eterno. Somos todos obras de Deus e sua Magnitude é tamanha que não nos é compreensível.

Falando mais sobre os postos do Venerável, 1º e 2º Vigilantes, podemos encontrar perto desses dois últimos uma pedra polida e uma pedra irregular ou bruta. Em diversas literaturas Maçônicas percebemos a constante referência do Homem sendo uma pedra bruta lapidada durante a existência para que se torne uma pedra polida. Todo Homem teria, dentro de si, essa pedra polida, a qual é encontrada quando se retira os excessos. Deus é o Grande Arquiteto do Universo que lapida o Homem e o transforma na Grande Pedra de Sua Obra Divina.

A título de curiosidade, no Rito Brasileiro, encontraremos próxima ao posto do Venerável uma estátua da deusa Minerva (Athena), deusa da Sabedoria. Próxima ao 1º Vigilante, a estátua do herói Hércules (Força) e próxima do 2º Vigilante, a estátua da deusa Vênus (Afrodite), deusa do Amor e da Beleza.

No Rito Escocês Antigo e Aceito, nota-se a existência de quatro degraus para se chegar por completo ao Oriente e três para se chegar na posição mais alta: o Trono de Salomão. Quatro é o número dos elementos (Terra, Fogo, Água e Ar), das estações (Primavera, Verão, Outono e Inverno) e também da figura geométrica chamada Quadrado, a qual simboliza a matéria. O três é um número extremamente usado na simbologia. Colocado no número de degraus necessários para se chegar ao maior posto de um templo, podemos entender que quem ali se sentar deverá superar aos demais no aspecto intelectual, moral e espiritual. Conforme o Rito, o número de degraus pode variar ou até mesmo não existir.

Também vemos na parede a pintura do “Olho de Amon-Rá” ou o “Olho que Tudo Vê”. Geralmente é representado por um olho dentro de um triângulo. Ele nos recorda a onipresença de Deus, o qual vigia todas as nossas ações. Ao lado dele estão o Sol e a Lua, que podem ser considerados símbolos da dualidade, pois além da máxima dia-noite, em muitas culturas o Sol está relacionado ao ativo e à energia masculina, e a Lua, ao passivo e à energia feminina.

No Rito Adonhiramita encontramos a pintura da Constelação das Plêiades. A Constelação das Plêiades é um conjunto de sete estrelas, de coloração azulada, facilmente visível a olho nu nos dois Hemisférios. Ela faz parte da Constelação de Touro e é citada no Livro de Jó, quando ele responde ao discurso de Bildade, a respeito de Deus: 

“Ele [Deus] sozinho formou a extensão dos céus, e caminha sobre as alturas do mar; Ele criou a Grande Ursa, Órion, as Plêiades, e as câmaras austrais.” (Jó 9, 8-9). E também no discurso do próprio Deus, em resposta à Jó: “És tu que atas os laços das Plêiades, ou que desatas as correntes de Órion?” (Jó 38, 31)

Já no Rito Brasileiro, poderemos encontrar a pintura do Cruzeiro do Sul. O Cruzeiro do Sul é uma constelação que, embora pequena, é muito famosa no Hemisfério Sul. Ela está representada em várias bandeiras de países desse Hemisfério, a exemplo a do próprio Brasil. São cinco estrelas posicionadas em uma forma que lembra uma cruz. O seu braço maior aponta para o Ponto Cardeal Sul.

No Rito Escocês Retificado, próximo ao Delta Luminoso, veremos a expressão em latim: “ET TENEBRAE EAM NON COMPREHENDERUNT”Ela é extraída do Livro de João, Capítulo 1, Versículo 5: 

"Et lux in tenebris lucet, et tenebrae eam non comprehenderunt" (A luz resplandece nas trevas e as trevas não a compreenderão).

Assim como as Filhas de Jó possuem a Marcha da Moeda, os Maçons possuem a “Sacola de Beneficência”, onde são colocadas as doações dos Irmãos presentes nas reuniões. Também encontraremos um Altar, ou melhor, mais de um. A palavra altar vem do latim Altare, significando “local elevado”.

Os Altares tiveram como característica primária de servirem para o “sacrifício” em honra à Divindade. Posteriormente os Altares destinavam-se a recolher um juramento, especialmente nas Iniciações e ainda, orações. Ou seja: o Altar é visto como um local para ligação com a Divindade. No Templo Maçônico existem cinco Altares: o do Venerável Mestre, o do 1º Vigilante, o do 2º Vigilante, o Altar dos Perfumes (onde se queimam incensos) e o Altar dos Juramentos. Sobre esse último, encontramos o Livro Sagrado, um Esquadro e um Compasso. Os Altares de um Templo Maçônico não possuem forma nem medidas definidas ou convencionais: ora é construído no formato de um cubo; ora de um triângulo e frequentemente, de um quadrilátero.

No Altar do Venerável Mestre podemos encontrar uma espada, intitulada de Espada Flamejante. É uma espada com lâmina ondulada, sem fio e com a ponta arredondada. Ela lembra um raio solar; talvez por isso o nome derivado de “flama”, sinônimo de fogo. Na antiga Cavalaria, tocava-se levemente com a Espada nos ombros do candidato e assim ele era declarado um Cavaleiro. A Espada Flamejante é de manejo exclusivo do Venerável Mestre. No livro de Gênesis, da Bíblia, a Espada Flamejante é citada, no momento em que Deus expulsa Adão e Eva do Éden, por terem comido o fruto proibido:

“O Senhor Deus fez para Adão e sua mulher umas vestes
de peles, e os vestiu. E o Senhor Deus disse: “Eis que o
homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e
do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua
mão e tome também o fruto da árvore da vida, e o coma,
e viva eternamente.” O Senhor Deus expulsou-o do
jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde
tinha sido tirado. E expulsou-o; e colocou ao oriente do
jardim do Éden Querubins armados de uma espada
flamejante, para guardar o caminho da árvore da vida.”

(Gênesis 3, 21-24)

Próximo ao Altar do Primeiro Vigilante, ao lado da Pedra Bruta, encontraremos um Malho (ou Maço) e um Cinzel. O Malho simboliza força, vontade, iniciativa e perseverança, necessários para tomar decisões e superar obstáculos. Já o Cinzel simboliza o intelecto, o conhecimento e o discernimento indispensáveis para orientar a lapidação do caráter humano. Juntos, o Malho e o Cinzel representam a união do esforço físico e espiritual em busca da verdade.

O Malhete, diminutivo de “Malho”, é utilizado pelo Venerável Mestre, 1º e 2º Vigilantes e sua utilidade prática é a de indicar o início, a suspensão ou a cessão dos trabalhos da reunião, por meio de um golpe ou mais.

Quando batido continuamente, indica aplausos. Utilizado pelos três postos mais altos da Loja, representa a autoridade, embora agregue os mesmos significados do Malho. O som produzido pelo Malho, ao ser batido pelo Venerável, simboliza a dissipação das influências negativas; sendo sequenciado pelas batidas dos Vigilantes; representa essa vibração ressoando em todas as direções cardeais.

Um objeto que podemos encontrar em um Templo Maçônico é o “Mar de Bronze”. Ele consiste em uma bacia de bronze, cuja base é sustentada por doze bois, divididos em três grupos de quatro, cada grupo direcionado para um ponto cardeal. Esse objeto é uma pequena réplica do que teria existido no Templo de Salomão, em tamanho muito maior, cujo interior havia água utilizada para purificação das oferendas ou até mesmo das pessoas que ali pretendessem adentrar.

Todo templo merece respeito e não seria diferente em um templo Maçônico. Ele tem profundos significados. Mas a partir do momento que procuramos compreendê-lo um pouco mais, essa familiaridade nos auxilia a executar nossas reuniões de forma mais dedicada.

O templo, sendo um conjunto de diversas alegorias, nos remete a nós mesmos, ao nosso templo interior. A partir do momento que trabalhamos em nosso interior, trabalharemos consequentemente na construção de um templo exterior. Templo, aqui, não quer dizer apenas a construção física, feita de tijolos e cimento, mas tudo aquilo que nos cerca. A nossa vida, a forma como vivemos, agimos e pensamos, reflete aquilo que temos dentro de nós.

Os Maçons, assim como as Filhas de Jó, necessitam se reunir periodicamente e, para isso, busca-se um local cujos Maçons chamam de Templo Maçônico e as Filhas de Jó, Bethel, o qual já diz: Lugar Sagrado, lugar de Deus.

Disso, extraímos a razão da possibilidade de qualquer local tornarse um Bethel ou um Templo Maçônico: basta estarmos reunidos, ali já seria nosso Lugar Sagrado. Jesus já havia ensinado isso: “Onde dois ou três estiverem reunido em Meu nome, lá estarei presente.” (Mateus 18,20)

O número mínimo de Mestre Maçons necessário para se abrir uma reunião em Loja é três; de Filhas de Jó, para se abrir uma reunião em Bethel, é de sete Membros. Contudo, não obstante o número de pessoas, enquanto prevalecer o sentimento sincero de união, auxílio mútuo e vontade de melhorar a si mesmo, ali haverá um Lugar de Deus.

Como Filhas de Jó, é importante termos a consciência de que nada foi criado por acaso e, sim, para que busquemos seu entendimento. A “herança Maçônica” que tanto ouvimos falar consiste, em parte, nesse estudo milenar que os Maçons exercem por meio de sua simbologia. Buscar sua compreensão é também buscarmos uma direção para sermos pessoas melhores, pois esses ensinamentos nos trazem nobres inspirações.

2 comentários:

Com amor de Jó,