"Tudo
o que eu podia fazer para me aproximar das Filhas de Jó, eu fazia, mas
sempre um requisito me desanimava: o parentesco maçônico..."
‘’Olá. Meu nome é Anni Lima Ribeiro, membro do Bethel número 01 Anjos da Luz, em Fortaleza- Ceará. Tenho 17 anos e descobri que tinha nascido com a alma branca e roxa há exatos cinco anos, em julho de 2008. Sim, esse foi o mês em que eu descobri já ser uma Filha de Jó, mas não significa que eu tenha iniciado assim tão fácil. Minha história é a seguinte: Durante minhas férias em uma cidade do interior cearense, conheci um garoto que insistiu em dizer que eu era prima dele. Eu, sem entender como poderia ser prima de um menino que não fazia parte da minha família, pedi que me explicasse o porquê desse título que eu ganhei tão de repente. Ele começou a me contar que fazia parte de uma Ordem paramaçônica chamada Ordem DeMolay, que se baseava em sete virtudes, que era filantrópica. Disse que eu me encaixava perfeitamente no perfil de uma Filha de Jó, pois minha educação, a maneira como me portava, o respeito que eu possuía eram os mesmos ensinados em um Bethel. É claro que fiquei lisonjeada com esses elogios, e de prontidão, resolvi procurar sobre o que tratava essa Ordem tão pura e mágica. Abri inúmeros sites, fui às bibliotecas, perguntei a outros amigos. Tudo o que eu podia fazer para me aproximar das Filhas de Jó, eu fazia, mas sempre um requisito me desanimava: o parentesco maçônico. Eu sei que para a maioria, um parente maçom é tão fácil quanto os dedos das mãos e dos pés para começar minha contagem, porém minha família sempre foi muito religiosa. Não tinha preconceitos, mas também não gostava de envolver-se com esses assuntos de “bode”. Meus tios possuíam vários amigos maçons que estavam dispostos a me apadrinhar, financiar e auxiliar em qualquer trâmite dentro da Ordem, mas minhas petições com esses padrinhos de corações nunca chegaram a ser lidas, uma vez que eu não estava me adequando completamente aos pré-requisitos.
Sempre o que escutava era: ‘’Procure mais a fundo. Pergunte a parentes mais velhos se não existe mesmo algum maçom antigo.” Julho de 2010. Dois anos já tinham se passado desde meu primeiro contato com a Ordem. Infelizmente meu bisavô faleceu. Ele e minha bisavó moravam em uma casinha em outra cidade interiorana diferente daquela que passei as férias de 2008. E como é de costume de família, quando o patriarca de uma família falece, todos se reúnem na humilde casinha para o velório. Em meio a tantos parentes, alguns que eu nunca nem tinha visto, eu percebia uma oportunidade de ouro. Pensei que se eu saísse perguntando a todos, conseguiria achar pelo menos um maçom ligado a maçonaria. E assim eu o fiz. Por incrível que pareça, eu consegui ouvir histórias sobre Lampião, que tinham andado lado a lado com Antônio Conselheiro, que tinham sido benzidos por Padre Cícero, achei até combatentes da guerra! Mas nenhum, nenhum, nenhum maçom. Nesse mesmo ano, por acaso, em um daqueles perfis do finado Orkut de Meninas Mais Bonitas do Estado. Até então, eu não conhecia nenhuma menina ativa nos trabalhos do Bethel, não tinha entrado em uma loja maçônica, muito menos em um Bethel. E essa menina me levou a uma Cerimônia Pública de iniciação. Encantei-me com o teto, com as cadeiras, com as vestes brancas, com aquela garota de capa roxa sendo imponente com seu malhete, com vários homens muito bem arrumados com seus ternos e suas gravatas-borboletas. Eu tive a certeza de que meu lugar era ali! E mais uma vez, eu ouvi as mesmas palavras que insistiam em repetir me dizendo que não existiam condições de ser aquele meu lugar se não existisse algum parente maçom. Admito que me desanimei mais do que as outras vezes. Poxa, se eu já tinha vivido a experiência de sentir a corrente de bem do Bethel passando sobre o meu corpo, se já me identificava como uma daquelas meninas de veste branca, por que então não me aceitar logo de vez? Esse tempo de reflexão foi doloroso pra mim, e confesso que, por um momento, decidi parar de pensar naquilo que me parecia tão distante. Mas, meio que inconsciente, eu vivia me perguntando se aquela menina que sentava ao meu lado em um shopping podia ser minha irmã, ou se aquele garoto que ia me acompanhando em uma cadeira do ônibus era um possível primo meu. Inúmeras vezes, quando me dava conta, estava lendo sobre congressos, encontros, filantropias... E com tudo eu chorava. O aperto que eu sentia no coração era inexplicável, e eu sei que alguém vai se identificar comigo. Ajoelhei nos pés do meu pai, que já participou do Rotary Club, implorei pra que ele iniciasse nem que fosse só até eu conseguir chegar no local eu queria. Eu sei que isso é errado, mas acho que Deus sabe qual era meu sentimento em ver toda aquela grandeza de conhecimento e eu não poder estar participando.
Minha mãe, coitada, não consigo nem contar quantas vezes ela me flagrou chorar enquanto eu via vídeos do trabalho de solo do Bethel e cantarolava baixinho ‘Abram as Portas do Bethel’. Quantas vezes também ela não deixou as panelas do fogão e veio correndo ver as fotos das vestes antigas das Filhas de Jó... E eu chorava. Até que, de novo, eu relaxei... Fevereiro de 2013. Eu me dei conta que alguns anos tinham sido, de certa forma, perdidos. Tive meu primeiro contato com a Ordem aos 12 anos e já estava prestes há completar 17 anos. Por que continuar tentando? Recebi uma ligação, um convite para um evento público das Filhas de Jó, o que era comum. Depois de tanto tempo engajada na minha Iniciação, já possuía vários amigos lá dentro que me convidavam. Dessa vez, foi diferente. Era uma irmã de minha mãe, que morava há muitos anos em São Paulo e retornou para Fortaleza. Seu atual marido é maçom e escutou na Loja dele que aconteceria uma Feijoada para arrecadar fundos para a festa de 15 anos do Bethel número 01 do Ceará. Eu agradeci o convite e disse que iria com a maior satisfação, afinal o brilho pela Ordem continuava o mesmo. Fiquei feliz, claro, porém triste por saber que ouviria as mesmas palavras, uma vez que eu não achava que ele fosse, de fato, um parente meu. Achei que era só aquilo e fim, mas antes de desligar ele disse essas palavras: “Anni, certa vez, um homem entrou em nossa Loja e exibiu um discurso em admiração a maçonaria. Disse que gostaria muito de iniciar, mas não tinha quem o apadrinhasse. Contou que há anos lia artigos e artigos sobre o assunto, e não acreditava que podia ser algo prejudicial. Esse homem, Anni, tinha amor pelos seus princípios, pelas nossas palavras e pelos nossos trabalhos. E ele conseguiu. Foi aceito por nós, mesmo que não possuísse uma recomendação valida. E eu vejo esse mesmo amor em você. Você já nasceu sendo Filha de Jó, e nunca isso vai ser retirado da sua essência. Continue acreditando, você já evoluiu até mais do que eu esperava.”.
Não sei se isso realmente aconteceu. Talvez fosse apenas uma espécie de parabólica que me fizesse reerguer, ou talvez esse homem tenha mesmo persistido em alcançar seu objetivo. ‘Eu sou esse homem, eu vou continuar persistindo!’ Fui com essa frase na cabeça para a Feijoada ao 24º dia do mês de fevereiro do corrente ano. Estava animada, bem entrosada com as meninas. Elas me convidaram a ajudar na realização do bingo. E eu não tinha noção que a maior premiada seria eu. Quando eu menos esperava, fui agarrada pelo braço e apresentada a todos os presentes como a mais nova Filha de Jó do Bethel, que iniciaria no dia vinte e cinco de maio. Ah, aí foi que me viram chorando mesmo! Faltou-me até os joelhos nessa hora, tudo tremia! Minha petição já estava toda preenchida, só faltava minha assinatura, minha autorização. Finalmente, minha hora de triunfo tinha data e hora marcada! Depois de tanto tempo empenhada em uma Ordem, eu consegui. E assim aconteceu. Minha iniciação ocorreu como o previsto. Vinte e cinco de maio. Segurei-me durante toda a reunião. Minha ficha só caiu quando, sobre a linda do Oriente, eu ajoelhei e cantei ‘Sim, mais perto de ti, meu Deus, eu estava’. Hoje, estou comemorando apenas meus quase dois meses de uma Filha de Jó propriamente dita. E esse não é o começo, mas sim a continuação de uma história dentro dessa maravilhosa Ordem, e com a ajuda do Pai Celestial, essa vai ser uma história sem fim! Obrigada.
Sempre o que escutava era: ‘’Procure mais a fundo. Pergunte a parentes mais velhos se não existe mesmo algum maçom antigo.” Julho de 2010. Dois anos já tinham se passado desde meu primeiro contato com a Ordem. Infelizmente meu bisavô faleceu. Ele e minha bisavó moravam em uma casinha em outra cidade interiorana diferente daquela que passei as férias de 2008. E como é de costume de família, quando o patriarca de uma família falece, todos se reúnem na humilde casinha para o velório. Em meio a tantos parentes, alguns que eu nunca nem tinha visto, eu percebia uma oportunidade de ouro. Pensei que se eu saísse perguntando a todos, conseguiria achar pelo menos um maçom ligado a maçonaria. E assim eu o fiz. Por incrível que pareça, eu consegui ouvir histórias sobre Lampião, que tinham andado lado a lado com Antônio Conselheiro, que tinham sido benzidos por Padre Cícero, achei até combatentes da guerra! Mas nenhum, nenhum, nenhum maçom. Nesse mesmo ano, por acaso, em um daqueles perfis do finado Orkut de Meninas Mais Bonitas do Estado. Até então, eu não conhecia nenhuma menina ativa nos trabalhos do Bethel, não tinha entrado em uma loja maçônica, muito menos em um Bethel. E essa menina me levou a uma Cerimônia Pública de iniciação. Encantei-me com o teto, com as cadeiras, com as vestes brancas, com aquela garota de capa roxa sendo imponente com seu malhete, com vários homens muito bem arrumados com seus ternos e suas gravatas-borboletas. Eu tive a certeza de que meu lugar era ali! E mais uma vez, eu ouvi as mesmas palavras que insistiam em repetir me dizendo que não existiam condições de ser aquele meu lugar se não existisse algum parente maçom. Admito que me desanimei mais do que as outras vezes. Poxa, se eu já tinha vivido a experiência de sentir a corrente de bem do Bethel passando sobre o meu corpo, se já me identificava como uma daquelas meninas de veste branca, por que então não me aceitar logo de vez? Esse tempo de reflexão foi doloroso pra mim, e confesso que, por um momento, decidi parar de pensar naquilo que me parecia tão distante. Mas, meio que inconsciente, eu vivia me perguntando se aquela menina que sentava ao meu lado em um shopping podia ser minha irmã, ou se aquele garoto que ia me acompanhando em uma cadeira do ônibus era um possível primo meu. Inúmeras vezes, quando me dava conta, estava lendo sobre congressos, encontros, filantropias... E com tudo eu chorava. O aperto que eu sentia no coração era inexplicável, e eu sei que alguém vai se identificar comigo. Ajoelhei nos pés do meu pai, que já participou do Rotary Club, implorei pra que ele iniciasse nem que fosse só até eu conseguir chegar no local eu queria. Eu sei que isso é errado, mas acho que Deus sabe qual era meu sentimento em ver toda aquela grandeza de conhecimento e eu não poder estar participando.
Minha mãe, coitada, não consigo nem contar quantas vezes ela me flagrou chorar enquanto eu via vídeos do trabalho de solo do Bethel e cantarolava baixinho ‘Abram as Portas do Bethel’. Quantas vezes também ela não deixou as panelas do fogão e veio correndo ver as fotos das vestes antigas das Filhas de Jó... E eu chorava. Até que, de novo, eu relaxei... Fevereiro de 2013. Eu me dei conta que alguns anos tinham sido, de certa forma, perdidos. Tive meu primeiro contato com a Ordem aos 12 anos e já estava prestes há completar 17 anos. Por que continuar tentando? Recebi uma ligação, um convite para um evento público das Filhas de Jó, o que era comum. Depois de tanto tempo engajada na minha Iniciação, já possuía vários amigos lá dentro que me convidavam. Dessa vez, foi diferente. Era uma irmã de minha mãe, que morava há muitos anos em São Paulo e retornou para Fortaleza. Seu atual marido é maçom e escutou na Loja dele que aconteceria uma Feijoada para arrecadar fundos para a festa de 15 anos do Bethel número 01 do Ceará. Eu agradeci o convite e disse que iria com a maior satisfação, afinal o brilho pela Ordem continuava o mesmo. Fiquei feliz, claro, porém triste por saber que ouviria as mesmas palavras, uma vez que eu não achava que ele fosse, de fato, um parente meu. Achei que era só aquilo e fim, mas antes de desligar ele disse essas palavras: “Anni, certa vez, um homem entrou em nossa Loja e exibiu um discurso em admiração a maçonaria. Disse que gostaria muito de iniciar, mas não tinha quem o apadrinhasse. Contou que há anos lia artigos e artigos sobre o assunto, e não acreditava que podia ser algo prejudicial. Esse homem, Anni, tinha amor pelos seus princípios, pelas nossas palavras e pelos nossos trabalhos. E ele conseguiu. Foi aceito por nós, mesmo que não possuísse uma recomendação valida. E eu vejo esse mesmo amor em você. Você já nasceu sendo Filha de Jó, e nunca isso vai ser retirado da sua essência. Continue acreditando, você já evoluiu até mais do que eu esperava.”.
Não sei se isso realmente aconteceu. Talvez fosse apenas uma espécie de parabólica que me fizesse reerguer, ou talvez esse homem tenha mesmo persistido em alcançar seu objetivo. ‘Eu sou esse homem, eu vou continuar persistindo!’ Fui com essa frase na cabeça para a Feijoada ao 24º dia do mês de fevereiro do corrente ano. Estava animada, bem entrosada com as meninas. Elas me convidaram a ajudar na realização do bingo. E eu não tinha noção que a maior premiada seria eu. Quando eu menos esperava, fui agarrada pelo braço e apresentada a todos os presentes como a mais nova Filha de Jó do Bethel, que iniciaria no dia vinte e cinco de maio. Ah, aí foi que me viram chorando mesmo! Faltou-me até os joelhos nessa hora, tudo tremia! Minha petição já estava toda preenchida, só faltava minha assinatura, minha autorização. Finalmente, minha hora de triunfo tinha data e hora marcada! Depois de tanto tempo empenhada em uma Ordem, eu consegui. E assim aconteceu. Minha iniciação ocorreu como o previsto. Vinte e cinco de maio. Segurei-me durante toda a reunião. Minha ficha só caiu quando, sobre a linda do Oriente, eu ajoelhei e cantei ‘Sim, mais perto de ti, meu Deus, eu estava’. Hoje, estou comemorando apenas meus quase dois meses de uma Filha de Jó propriamente dita. E esse não é o começo, mas sim a continuação de uma história dentro dessa maravilhosa Ordem, e com a ajuda do Pai Celestial, essa vai ser uma história sem fim! Obrigada.
Texto feito por Anni Lima, bethel #01 Fortaleza - CE, para o relatório de bibliotecária de Beatriz Primão, bethel #01 Porto Velho - RO.