POR QUE "GRÃO-MESTRE" E "VENERÁVEL MESTRE"?


Para entendermos melhor esses termos, precisamos voltar um pouco na história de nossa Sublime Ordem Maçônica: 
 
Ordens geralmente adotam o termo “Grão-Mestre”, sejam elas religiosas ou de cavalaria. E a partir da Sublime Ordem Maçônica, muitas Ordens fraternais também o fizeram. No caso da Maçonaria, há uma explicação histórica bastante óbvia e racional. Nos primórdios da Maçonaria Especulativa não existia oficialmente o grau de “Mestre Maçom”. Antes disso, as Lojas possuíam apenas Aprendizes e Companheiros, e os Companheiros elegiam entre si aquele que serviria como “Mestre da Loja”. Então, se cada “Loja” era governada pelo seu “Mestre”, nada mais natural do que chamar aquele que governa a “Grande Loja” de “Grande Mestre”. O termo “grão” é apenas uma forma antiga e reduzida da palavra “grande” na língua portuguesa, mais utilizada em títulos. 
 
Com o surgimento oficial do Grau de Mestre Maçom, na década de 30 do século XVIII, as Lojas ficaram repletas de “Mestres”. Então, para distinguir o Mestre da Loja dos demais Mestres, adotou-se um termo distintivo, um termo de tratamento: Venerável (Worshipful). Termos de tratamento eram muito comuns na Inglaterra na época, e até hoje, distinguindo assim o nível de nobreza: Majestade, Alteza, Graça, Mui Honorável e Honorável são exemplos de termos que distinguem monarcas, príncipes, duques, marqueses, viscondes e barões. 
 
Não foi difícil para que, em poucos anos, o termo de tratamento “Venerável” passasse a integrar permanentemente o título do cargo, “Venerável Mestre”, na maioria dos ritos e rituais que foram surgindo.

E é claro que, se o Mestre da Loja ganhou um título distintivo, não poderia ser diferente para o Grão-Mestre. Enquanto o “Mestre da Loja” passou a ser chamado de “Venerável Mestre” (Worshipful Master), o “Grão-Mestre da Grande Loja”, passou a ser tratado como “Mui Venerável Grão-Mestre” (Most Worshipful Grand Master). E esse ainda permanece como o termo de tratamento adotado pela Grande Loja Unida da Inglaterra para o Grão-Mestre, conforme seu Livro de Constituições (Book of Constitutions – Craft Rules).
 
Tais termos também alcançaram as instituições e, assim como a Loja passou a ser tratada como “Venerável Loja” ou “Respeitável Loja” (Worshipful Lodge), a Grande Loja também passou a ser tratada como “Mui Venerável Grande Loja” ou “Mui Respeitável Grande Loja” (Most Worshipful Grand Lodge). Veja que “Venerável” e “Respeitável” são apenas diferentes traduções para a palavra inglesa “Worshipful”, apesar que o termo “Venerável” seria a tradução mais correta.
 
O respeito a tais termos de tratamento pode ser bem observado na Maçonaria dos EUA e de vários outros países. Já os vários outros termos que foram surgindo para se referir às autoridades maçônicas, em especial as brasileiras, são frutos da indiscutível soberania de cada Obediência. Inovações, invenções, más traduções ou aberrações que, com o tempo, se tornaram tradições. 
 

2 comentários:

  1. Gostei do artigo e aproveito para lembrar de uma forma errada de tratamento na Maçonaria e ordens para-maçônicas: o tratamento de ex-venerável mestre por “past venerável mestre”. Ora, “past” é uma palavra em inglês, que significa “passado”. “Ex” é a forma correta, em português, para designar quem passou por um cargo ou função. Então, como este vocábulo estrangeiro foi introduzido em um tratamento já há séculos utilizado no Brasil, de “ex-venerável mestre”? Provavelmente foi copiada do Rito de York ou do Rito de Emulação, nos quais o “ex-venerável” é tratado como “past master” (mestre passado). Algum maçom brasileiro achou bonito e resolveu introduzir o “Past” em nossos ex-veneráveis mestres tupiniquins. E a coisa pegou e se espalhou para a Ordem DeMolay (“Past Mestre-Conselheiro”) e Filhas de Jó (“Past Honorável Rainha”, “Past Guardiã do Bethel”, etc.). Pra mim é um absurdo. Fruto da preguiça de raciocinar e vontade de imitar.

    Vicente Alberto
    Loja Luzes da Fraternidade e Justiça
    Francisco Sá (MG)

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  2. Vicente Alberto, não sei... Mas pra mim "ex" dá um sentido de que aquilo acabou e meio que anula todo o trabalho feito. Mas isso é o que significa pra mim né.
    Acho misturar as línguas algo meio equivocado também, mas não acho ex-Honorável Rainha o melhor dos títulos.

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Com amor de Jó,