Nos últimos anos, alguns assuntos vieram à tona e estão sendo amplamente discutidos: bullyng, feminismo, depressão, violência contra a mulher.... Não só discutidos, como desconstruídos e reconstruídos. Isso porque muitas atitudes nocivas envolvendo esses temas eram consideradas “normais’ por serem comuns. Mas, temos aprendido que nem sempre o comum é normal.
Em outras palavras, temos visto que não é porque “sempre tem” aquela pessoa da turma que é alvo de piadas, que mulheres “sempre foram” inferiorizadas, que “todo adolescente”passa por crises emocionais... Enfim... Qualquer outro “sempre foi assim” que quisermos colocar, que essas atitudes são normais e aceitáveis.
Não. Muitas coisas não são normais e muito menos aceitáveis.
E o que essa discussão toda tem a ver com a nossa organização? E por que é tão importante que comecemos a falar desses assuntos no contexto da nossa ordem?
Eu sou um Membro de Maioridade há mais de dez anos. Vamos fazer uma brincadeira? Vou fazer uma lista e você me diz se você se identifica com ela, ok?
- No seu Bethel já teve uma Filha de Jó que não se enturmava de jeito nenhum, e por mais que alguém tentasse fazê-la se enturmar, as meninas não conseguiam ser empáticas com ela. Por sua vez, ela também se mantinha na defensiva, conversando apenas com uma e outra. Acabou se afastando.
- No seu Bethel já teve Filha de Jó sendo eleita para cargos na Linha apenas por amizade, em detrimento de Filhas que trabalhavam muito, mas não eram “populares”.
- No seu Bethel já teve Filha de Jó errando e sendo expulsa ou advertida, sem chance de defesa.
- Você já viu Filhas de Jó com problemas graves em casa, e que nem sempre isso era considerado no Bethel.
- O Bethel tem panelinhas, e ninguém se dispõe a intervir.
- As meninas, de um modo geral, sentem receio em procurar ajuda uma com as outras, ou até mesmo com os adultos, com medo de serem punidas.
- Alguns assuntos simplesmente são ignorados no Bethel, como se simplesmente não existissem. Mesmo que todos saibam, de alguma forma, que problemas estejam acontecendo, parece que todos preferem fingir que não está acontecendo, como se isso fosse uma forma de proteger as meninas.
Se você se identificou com essa lista, se você de alguma forma achou que essa lista tem algum sentido, então temos um problema. Essa lista foi feita por mim, baseada em coisas que vivi há mais de dez anos. E se elas fazem sentido para você, que provavelmente, nem do meu Bethel é, então existem coisas das quais não estamos falando.
Se você, é da região Norte. Se você é do Nordeste. Se você é do Sul ou Centro- Oeste. Se você é da região Sudeste, assim como eu, mas de um Bethel bem longe do meu. Se em cada região houver pelo menos UMA Filha de Jó que se identifica com o que eu escrevi, então existem coisas das quais não estão falando.
E isso tudo se torna ainda mais grave, quando paramos para pensar que estamos em uma organização que visa a IRMANDADE e o desenvolvimento pessoal de CADA membro. Acima de qualquer “habilidade” como oratória, desenvoltura, liderança... O maior bem que podemos adquirir na ordem é a auto estima, que se dá pelo acolhimento, pela irmandade.
E se não temos falado disso, do que temos falado?
Qual a importância que temos dado em nossos Betheis a respeito de cada irmã? Temos falado de eleições, concurso de Miss, estudos de ritual e constituição, Congressos, Grau Púrpura Real, homenagens... E... qual o tempo que temos nos dedicado a olharmos umas para as outras e nos percebemos todas única e simplesmente, IRMÃS? Meninas em desenvolvimento e construção? Meninas que por vezes precisam de acolhimento, carinho, amor... justamente por não serem perfeitas, por terem falhas, medos, angústias...
Será que nossos Betheis tem sido locais em que uma adolescente possa se desenvolver de forma saudável, ou essa não tem sido a nossa preocupação? Talvez isso tenha ficado um pouco escondido e “engolido” por debaixo de todos aqueles assuntos que mencionei anteriormente. Que são importantes sim, é claro. Mas, não os mais importantes enquanto houverem coisas das quais precisamos falar.
Coisas das quais precisamos começar a falar.
E aí? Quem vai começar?
Escreva pra gente! O que você tem a dizer sobre o assunto? Garantimos o anonimato, caso não queira se identificar! contato.fdjbrasil@gmail.com, assunto: Soltando a voz
Lembramos que temos a seção "Cartas para Jemina" que você pode pedir conselhos sobre QUALQUER assunto.... basta enviar um e-mail para contato.fdjbrasil@gmail.com, com o assunto "cartas para jemina". Também garantimos o sigilo!
Semiramis Dominghetti
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Com amor de Jó,