96 ANOS DE FILHAS DE JÓ INTERNACIONAL


Em meio a celebração desse 96º aniversário da organização eu proponho que cada uma de nós pare e reflita sobre as Filhas de Jó Internacional.

Hoje celebramos 96 anos de existência. São mais de 11 mil Filhas de Jó ativas (10-19 anos) nos cinco países em que a ordem está presente. 5.497 só no Brasil de acordo com os relatórios anuais de 2015. Isso sem falar na quantidade de membros que, como eu, já alcançaram a maioridade e não fazem mais parte dessa conta, mas continuam engajadas na ordem de uma maneira ou outra. Acredito eu que Mãe Mick jamais imaginou que a ordem atingiria tantas pessoas, tantos lugares e influenciaria tantas vidas.

E desde 1920 muita coisa no mundo mudou. Mudaram os costumes, mudou nossa posição, enquanto mulher, na sociedade. Mudaram as formas de se comunicar, de aprendizagem e ensinamento. Mudou tanta coisa e, junto, nossa organização também mudou. E isso é bom. Demonstra nossa capacidade de adaptação, nossa sede por fazer com que a ordem continue existindo e o sonho de mãe Mick continue vivo.

Mas a reflexão que quero pra hoje é: nós realmente estamos mantendo esse sonho vivo? Ou na tentativa de nos adaptarmos acabamos por esquecer o principal objetivo da nossa organização? Aquele que Mãe Mick visionou para nós, lá em 1920? 

Na Cerimônia das Perolas, em homenagem a nossa fundadora, as Honoráveis Rainhas dos Betheis nos lembram o porque Ethel Teresa Wead Mick fundou as Filhas de Jó Internacional: “O objetivo era estabelecer uma organização que daria a jovens mulheres com parentesco maçônico a oportunidade de, durante seus anos de adolescência, desenvolver seus talentos individuais e acumular habilidades que lhe seriam uteis na vida adulta”. 

E eu me pergunto se estamos realmente ajudando as nossas Filhas ativas a desenvolver seus talentos e a aprender coisas que vão levar para a vida adulta. Ou estamos apenas fazendo de conta que isso acontece?

Nos últimos anos temos visto o número de filhas caírem e temos lutado contra o fim da 
ordem. Mas será que temos feito isso da maneira correta? Será que o problema é realmente em recrutar novos membros ou estamos com problemas em manter as Filhas que já fazem parte das nossas fileiras?

Em meio a tantas controvérsias e disputas entre Filhas ativas, Membros de Maioridade e adultos, será que não estamos perdendo membros porque estamos perdidos em qual é o nosso objetivo?

As habilidades que uma mulher adulta precisava para ser bem sucedida em 1920 eram completamente diferentes das que são necessárias hoje, 96 anos depois. O nosso mundo mudou, lembra? Nossa organização mudou. Nossa constituição mudou. Nosso estatuto mudou. Nosso ritual mudou. Nossa sociedade mudou. Nossas Filhas mudaram. Mas o objetivo da nossa organização ainda é o mesmo: tornar meninas em mulheres capazes e preparadas pra contribuírem positivamente pra sociedade. Mas se a sociedade requer coisas diferentes de nós, porque insistimos em tratar nossas Filhas como se ainda estivéssemos em 1920?

Falamos com tanta frequência que nossa organização é das meninas e para as meninas, então porque não estamos ouvindo o grito de socorro delas? Porque estamos fazendo as coisas do jeito que achamos ser melhor pra elas quando elas claramente estão insatisfeitas com isso?

Nossas Filhas, cujos olhos um dia brilharam de esperança e ansiedade por trabalhar por nossa ordem têm alcançado a maioridade dizendo que se tiverem filhas não irão trazê-las para a ordem.

Estamos falhando com as nossas meninas. Mais do que precisarmos de novos membros –e não me entendam mal, nós precisamos-, temos que entender o porque quem já faz parte da ordem não quer permanecer e corrigir isso o mais rápido possível. Se não o fizermos, podemos iniciar 11 mil novas meninas por ano que vamos continuar vendo o número de Filhas de Jó ativas em declínio. Novos membros são o futuro da nossa organização, mas apenas se eles permanecerem nela tempo o suficiente pra contribuírem com ela. E se não estamos conseguindo reter os membros atuais, como vamos reter os futuros?

Nesse aniversário de 96 anos das Filhas de Jó Internacional eu quero propor que todas nós pensemos no que podemos fazer, individual e coletivamente, para fazer com que os nossos olhos voltem a brilhar de esperança e vontade de trabalhar por essa organização.

Claudia P. Costa

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Com amor de Jó,